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Mostrando postagens de novembro, 2014

Enchente em Port-Marly, 1872

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Uma enchente no início da primavera de 1872 levou Sisley a Port-Marly, uma vila à margem do Sena próximo a Louveciennes, onde morava. A água se encontra calma e a atividade humana é mínima. Mais que um incidente dramático ou pitoresco, a atenção do artista foi capturada pelos efeitos puramente visuais das nuvens carregadas e ruas cobertas de água. A tranquilidade da pintura e o candor e simplicidade da observação de Sisley são qualidades derivadas de Corot, a quem Sisley havia encontrado nos anos 1860. A composição é tradicional. O restaurante  St.Nicolas à esquerda e o tronco ereto à direita e seus reflexos estabelecem um primeiro plano estável e enquadram uma abertura ao centro em direção a um grupo de árvores e uma encosta distante. O tratamento do artista, no entanto, distingue Enchente em Port-Marly  como uma obra impressionista. Pintando rapidamente a cena, provavelmente numa única sessão, Sisley fez uso de tons suaves de um amplo espectro de matizes com uma camada ...

Filme do Dia: Sebastiane (1976), Derek Jarman

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Sebastiane (Reino Unido, 1976). Direção: Derek Jarman & Paul Humfress. Rot. Original: Derek Jarman, Paul Humfress & James Whaley. Fotografia: Peter Middleton. Música: Brian Eno. Montagem: Paul Humfress. Com: Leonard Treviglio, Barney James, Neil Kennedy, Richard Warwick, Donald Dunham, Daevid Finbar, Ken Hicks, Lindsay Kemp. No ano de 300 D.C, o romano Sebastiane (Treviglio) é exilado em um remoto povoado habitado somente por homens. A inexistência de mulheres faz com que muitos homens sucumbam ao desejo de seus pares. Um deles, o capitão Severus (James), apaixona-se por Sebastiane. Como esse resiste aos seus avanços, acaba sofrendo as torturas  mais cruéis em suas mãos. Compadecido com sua sorte, Justin (Warwick), torna-se cada vez mais próximo de Sebastiane, escutando dele a confissão de que na verdade ele ama seu carrasco, pois o acredita enviado por Deus para prová-lo. Defendendo Sebastiane em várias situaçõe nem Justin, e nem mesmo Severus, consegue reverter a ord...

Filme do Dia: 12 Anos de Escravidão (2013), Steve McQueen

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12 Anos de Escravidão ( 12 Years of Slave , EUA-Reino Unido, 2013). Direcao: Steve McQueen. Rot. Adaptado: John Ridley, a partir do romance homonimo de Solomon Northup. Fotografia: Sean Bobbitt. Música: Hans Zimmer. Montagem: Joe Walker. Dir. de arte: Adam Stockhousen & David Stein. Cenografia: Alice Baker. Figurinos: Patricia Norris. Com: Chiwetel Ejiofor, Lupita Nyong´o, Michael Fassbender , Sarah Paulson,  Brad Pitt, Adepero Oduye, Marc Macauley, Paul Giamatti, Benedict Cumberbatch, Andy Dylan, Bryan Batt. Nos anos que antecedem a Guerra Civil, Solomon Northup (Ejiofor), homem livre que vive em Washington com sua família é atraído para uma armadilha, sendo levado a um estado escravagista do Sul, onde inicialmente se torna escravo do esclarecido Ford (Cumberbatch), mas ao se involver em um episódio com seu bruto capataz, tomando-lhe o chicote e o açoitando, é vendido por Ford, mesmo a contragosto e para evitar revides contra si próprio e sua família para o...

Filme do Dia: Rebelião (1967), Masaki Kobayashi

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R ebelião ( Jôi-uchi: Hairô Tsuma Shimatsu , Japão, 1967). Direção: Masaki Kobayashi. Rot. Adaptado: Shinobu Hashimoto, baseado no romance Hairyozuma Shimatsu , de Yasuhiko Takigushi. Fotografia: Kazuo Yamada. Música: Tôru Takemitsu. Montagem: Hisashi Sagara. Dir. de arte: Yoshirô Muraki. Com: Toshirô Mifune, Yôko Tsukasa, Takeshi Katô, Tatsuyoshi Ehara, Etsuko Ichihara, Isao Yagamata, Tatsuya Nakadai, Tatsuo Matsumura. Século XVII. Ichi  (Tsukasa) teve uma filha com um senhor feudal, porém quando voltou do seu descanso percebe que o senhor feudal se encontrava com outra mulher, agredindo a ambos. Como punição foi designada para viver na casa de Isaburo Sasahara (Mifune), sendo acolhida por seu filho, Yogoro (Katô), de quem passa a ser esposa. Apesar das reclamações da mãe de Yoguro, a vida se desenrola de modo tranqüilo até que a morte de um dos filhos do senhor feudal provoca uma situação crescente de tensão. Por conta de não possuir outros herdeiros, o Senhor Masakata (Mats...

Adriana Calcanhotto - Vambora

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"dentro de um livro...dentro da noite veloz."

Filme do Dia: Ceddo (1977), Ousmane Sembene

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Ceddo (Senegal, 1977). Direção e Rot.Original: Ousmane Sembene. Fotografia: Georges Caristan. Música: Manu Dibango. Montagem: Florence Eymon. Com: Tabata Ndiaye, Moustapha Yade, Ismaila Diagne, Matoura Dia, Omar Gueye, Mamadou Dioumé, Makhouredia Gouye, Nar Modou, Ousmane Camara.          O rei dos Ceddo (Dia) faz um pacto com os muçulmanos, para o desagrado de boa parte de seus súditos, que sequestram  sua filha, a Princesa Dior (Ndiaye). Alguns pretendentes ao trono tentam libertar a princesa e são mortos. Enquanto isso, o Imã (Gueye) converte toda a tribo ao islamismo, batizando-os com nomes islâmicos, após aparentemente ter assassinado o rei. Algumas lideranças vão atrás de Dior, e essa retorna a aldeia assassinando o Imã, na frente de todos.         Sembene, pioneiro do cinema africano, investe em uma dramaturgia de contornos quase épico-teatrais, em que a fala ganha sempre uma dimensão que ultrapassa a individual, e os ...

Filme do Dia: Salomé (2002), Carlos Saura

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Salomé (Espanha, 2002). Direção e Rot. Original: Carlos Saura. Fotografia: Teo Delgado & José Luis Lopes-Linares. Montagem: Julia Juaniz. Dir. de arte: Carlos Saura. Figurinos: Pedro Moreno. Com: Aída Gómez, Peré Arquillué, Peco Mora, Carmen Villena, Javier Toca.         O ensaio-geral da montagem da famosa história bíblica de Salomé para o universo da dança. Salomé (Gómez), que é objeto do desejo do Rei Herodes (Peco Mora) se apaixona por João Batista (Javier Toca), que a rejeita. Como vingança, Salomé casa com o Rei, com a condição que ele corte a cabeça de João Batista. Ele o faz, mas Salomé demonstra todo seu amor pelo morto, provocando a ira de Herodes, que também manda matá-la.         Cada vez mais Saura vem depurando seus filmes de tudo o mais que não seja a dança e seus elementos cenográficos e dramáticos.  Enquanto em Tango , era o universo da famosa música nacional argentina que era privilegiada, aqui é sobretudo a dan...

Filme do Dia: Le Voleur de Paratonnerres (1944), Paul Grimault

Le Voleur de Paratonnerres (França, 1944). Direção: Paul Grimault. Rot. Original:  Maurice Blondeau & Paul Grimault, a partir de uma idéia de Jean Aurenche. Fotografia: Roger Desormière & Jean Wiener. A mesma dupla, garoto e cachorro do mais interessante Les Passagers de la Grande Ourse ,surge aqui como misteriosas figuras da noite. Para além do seu já conhecido e notável uso da cor, o que sobressai nesse curta é o tom atmosférico e sombrio que acompanha o garoto mascarado pelos telhados da cidade, seguido de perto por uma dupla atrapalhada de agentes da lei. Grimault é mestre em situações absurdas, como as que acompanham a embasbacada dupla detetivesca observar um osso que saltita sozinho e solitário pelo telhado e não se encontra nenhum pouco interessado em apresentar uma história com começo, meio e fim bem definidos o que o aproxima da animação moderna, sem a necessidade de um hermetismo que afaste o grande público – nessas características, assim como no seu pendor já...

Filme do Dia: Rio Doce/CDU (2013), Adelina Pontual

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Rio Doce/CDU (Brasil, 2013). Direção: Adelina Pontual. Documentário que parte do pretexto da linha mais extensa a cobrir a região metropolitana do Recife para colher entrevistas de pessoas que trabalham ou se movimentam pelo percurso em questão. E mesmo de uma cobradora e alguns motoristas, que surgem muito brevemente. Amparado sobretudo pela saborosa prosa popular que emerge espontaneamente dos contatos – existe pouca presença de “personagens” da classe média – se ressente, sobretudo de uma recorrente dispersão, afastando-se por vezes demasiado de seu mote inicial, pretenso elo de ligação entre os depoentes. Em diversos momentos, apenas se ouve depoimentos sobre imagens colhidas em contextos outros. Existem efetivamente menos imagens internas que captadas a partir da carroceria externa do ônibus. Das falas emerge um pouco de tudo: de comentários sobre a precariedade da linha até as dificuldades de se conseguir pescar como tempos atrás passando por uma época em que a elite ...

Biografia Entrevista Antonio Calmon

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Muito boa essa entrevista com Antonio Calmon de um blog ótimo que não conhecia e já foi direto para a minha lista de favoritos... *** A ntonio Calmon dirigiu “Eu Matei Lúcio Flávio”. Se quisesse, poderia ter parado por aí e começado a tecer o véu da imortalidade. Afinal, criou a obra-prima do cinema policial brasileiro. Mas Calmon, garoto da selva amazônica (sim, você não leu errado), inventou de embolar o meio de campo, entregar o corpo aos homens da encruzilhada e cair de cabeça em uma odisseia pessoal, imprevisível.   Ex-cria do Cinema Novo, ex-aluno de Glauber Rocha, daí um salto para o “ underground  do  underground ” e um pulo para o  mainstream  de “Menino do Rio” e da TV Globo. No meio de tudo, o desbunde em Salvador, dezessete cáries, quinze quilos a menos, barbas e cabelos pornográficos. Entre pirados e dogmáticos, preferiu viver. Não à toa, hoje zomba da mortificação moralista do politicamente correto. Fala, ri, se diverte. Sobretudo, assu...

Filme do Dia: L'épouvantail (1943), Paul Grimault

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L’épouvantail (França, 1943). Direção: Paul Grimault. Rot. Original: Maurice Blondeau, Paul Grimault & Jean Aurenche. Música: Roger Desormière & Jean Wiener. O Espantalho que faz menção o título acoberta um casal de pássaros apaixonados das garras de um perigoso felino. Animação extremamente bem realizada e com uma qualidade técnica em nada devedora da Disney, inclusive em seu tom escapista. Justamente por conta do último, num momento em que a própria Disney havia sido engajada no esforço de guerra, e por se encontrar associada ao típico produto que as telas francesas de Ocupação exibiam, tem sido relativamente desconsiderada. Quem quiser, pode até enxergar uma fábula anti-ocupacionista na forma como o casal apaixonado é protegido pelo Espantalho, seu tradicional opositor no senso comum.  Ou mesmo o oposto. Talvez mais importante que isso seja a decepção inicial de qualquer expectativa modernista que seu prólogo, com os pássaros se enfiando no corpo de um espantalho a...
Falha a fala. Fala a bala. Paulo Lins, Cidade de Deus .

Aubade

I work all day, and get half-drunk at night.  Waking at four to soundless dark, I stare.  In time the curtain-edges will grow light.  Till then I see what’s really always there:  Unresting death, a whole day nearer now,  Making all thought impossible but how  And where and when I shall myself die.  Arid interrogation: yet the dread  Of dying, and being dead,  Flashes afresh to hold and horrify.  The mind blanks at the glare. Not in remorse  —The good not done, the love not given, time  Torn off unused—nor wretchedly because  An only life can take so long to climb  Clear of its wrong beginnings, and may never;  But at the total emptiness for ever,  The sure extinction that we travel to  And shall be lost in always. Not to be here,  Not to be anywhere,  And soon; nothing more terrible, nothing more true.  This is a special way of being afraid  No trick dispels. Religion used to try,...