Paira no ar uma desolação excitante. O amarelo imenso das areias. A canícula. A borrasca cinzenta dos vagalhões. As barracas vermelhas, que do barco pareciam novas e muitas, são apenas cinco, e de madeira carcomida. Pareciam barracas de praias e, no entanto, são moradias. De uma delas sai um fio de fumaça. Penduradas numa cordinha entre uma e outra, roupas femininas estão a secar. E um aduaneiro vestido de verde lê na santa paz um livro muito velho, algum livro de viagem, espichando-se sobre uma pilha de sacas. -Está imerso na verdade de seu ócio e não dá a mínima para o vapor, para a coisa nova que é um vapor nesta praia, para a chegada dos carregadores, gozando sua maravilhosa eternidade.

Elio Vittorini, Sardenha como uma Infância, p. 84 (grifo meu)

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