Filme do Dia: Hamlet (1913), Hay Plumb
Hamlet (Reino Unido, 1913). Direção Hay Plumb. Rot. Adaptado a partir da peça de Shakespeare. Fotografia Geoffrey Faithfull. Com Johnston Forbes-Robertson, Walter Ringham, S.A. Cookson, J.H. Barnes, Alex Scott-Gatty, Percy Rhodes, Grendon Bentley, Montague Rutherford, George Hayes, Gertrud Elliot.
A partir
de visões que possui do espectro de seu pai, Hamlet (Forbes-Robertson), passa a
ter certeza de que o pai, então rei, foi morto pelo tio, Claudius (Ringham) e
planeja a vingança que lhe foi exigida pelo espectro.
Lidando
com uma temporalidade bem mais extensa que até então a maior parte das
adaptações shakespearianas haviam sido confinadas (basta lembrar o triste
exemplo, nesse sentido, de A Tempestade, de meia década antes), não
consegue tirar tão grande partido dessa, por que deixa inúmeras cenas longas
serem comandadas por diálogos e gestos que não são balizados por cartelas (ou
essas teriam desaparecido?), que reproduziriam ao menos a síntese dos mesmos ou
que comentassem sobre a situação mais ampla delineada, sendo pouco
esclarecedoras em relação à trama. É o caso do momento em que Hamlet vai
anunciar o espectro que havia visto. É o teatro que se tem aqui como
referência, não por acaso o elenco sendo anunciado inicialmente como
pertencente ao tradicional Drury Lane. E também o texto literário, que assoma
nas legendas. E essa influência teatral também é demonstrada pela ausência de
decupagem, no máximo havendo discretos reenquadramentos com panorâmicas um
pouco mais frequentes e abrangentes que as de um filme como O Grande Roubo
do Trem, lançado dez anos antes, para trazer a cena algum personagem que se
encontrava oculto. Assim, no momento em que se pretende enfatizar o veneno
sendo esfregado na ponta da espada ou deitado sobre o cálice, utiliza-se do
original recurso de apenas apresentar a mão e os objetos, mas em um plano
aberto o suficiente, para que não se configure um close-up. O célebre monólogo do “ser ou não ser”,
antecipado pela cartela, não é realizado com uma caveira (esse momento ocorre
depois, e com outra referência literária, numa situação mais trivial que
propriamente de ápice dramático), mas com uma profusão de palavras disferidas
por um Hamlet que parece sempre em estado de transe alucinatório. Hepworth para
Gaumont British Dist. 53 minutos.
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