Filme do Dia: Easter Eggs (2020), Nicholas Keppens

 


Easter Eggs (Bélgica/Holanda/França, 2020). Direção, Rot. Original e Montagem Nicholas Keppens. Música Greg Scheierlinckx.

Dois adolescentes, Jason e Kevin, em um dia normal de suas vidas, decidem ver se conseguem recapturar os pássaros raros do dono do restaurante chinês que morreu, aparentemente suicidado, para ganhar algum dinheiro com eles.

Adolescentes foram recrutados recorrentemente na história das artes, como uma fonte abundante de cinismo humano. E aqui não é diferente. Embora Kevin, aparentemente mais velho e já púbere - “Kevin me mostrou seus pentelhos” diz Jason – possua uma ilustração de Bart Simpson em seu quarto, a estética do desenho e seu seco e brutal antissentimentalismo, assim como os próprios traços da animação, são mais evocativos dos de outra série, também com uma dupla adolescente, Beavis & Butthead. Há o sado-masoquismo imposto por Kevin ao mais submisso e sensível Jason, vindo o masoquismo do comentário do próprio Jason que Kevin posteriormente chorava, depois de praticar suas grossuras contra ele. E há um determinado momento o vemos estapeando seu próprio rosto após uma destas ações, que incluem desde ralhar veementemente por Jason ter feito um corte de cabelo similar ao seu e pedir que ele não o imite em nada ou se irritar com o amigo ter ficado com a cabeça presa entre as grades da propriedade onde funcionara o restaurante japonês. Há uma recorrência um tanto insistente na produção contemporânea a esta animação, de fazer uso de canções da Bossa Nova, cantadas em inglês por Astrud Gilberto, e quando utilizadas diegeticamente – e a maioria das vezes o são – em momentos ou ambientes expressando sofisticação e romantismo. Aqui são a única nesga de presença do mundo adulto, quando Kevin chega em sua casa e observa seus pais a dançar ao som de Quiet Nights of Quiet Stars, a versão para língua inglesa de Corcovado, e a mais habitualmente selecionada.|Animal Tank/Ka-Ching Cartoons/Miyu Prod. para Miyu Dist. 15 minutos.

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