Dicionário Histórico de Cinema Sul-Americano#123: Jorge Alí Triana
TRIANA, JORGE ALÍ. (Colômbia, 1942). Mais conhecido como diretor de teatro e televisão, Jorge Alí Triana também dirigiu cinco longas, incluindo um dos melhores filmes escritos por Gabriel García Márquez, Tiempo de Morir. Nasceu em Ibagué, Tolima, Colômbia. Inspirado por ver a atuação de um amigo em um espetáculo televisivo em 1954, Triana se uniu a um grupo teatral local. Estudou cinema e teatro na Academia Tchecoslovaca das Artes em Praga e fundou o Teatro Popular de Bogotá, em 1968, tornando-se o mais importante diretor teatral na cidade. Dirigiu uma série de curtas bem sucedidos e em 1980 dirigiu episódios de uma série de TV e o segmento de abertura de um longa coletivo, Los Cuatro Elades del Amor (As Quatro Idades do Amor).
Em 1984 Triana dirigiu um vídeo para a televisão nacional colombiana (RTI), baseado em um roteiro original de García Márquez de 1965, Tiempo de Morir (que havia se tornado filme mexicano, dirigido por Arturo Ripstein, no ano em que foi escrito). A versão televisiva de Triana foi muito bem sucedida; apoiado pela agência cinematográfica da Colômbia, FOCINE (Compañia de Fomento Cinematográfico), e co-produzida pelo Instituto Cubano del Arte e Indústria Cinematográficos (ICAIC) em Cuba, que apoiou uma série de trabalhadores cinematográficos chaves, incluindo o compositor de músicas Leo Brouwer e o diretor de fotografia Mario García Joya, realizando uma versão em 35 mm, para salas de cinema, no ano seguinte. Juan Sayago (Gustavo Angarita) é um homem misterioso que retorna para sua cidade natal, no campo. É revelado que matou um homem, aparentemente de forma justificada, encontrando em sua cidade com os dois filhos do homem, um dos quais, o irmão mais simpático, que não acreditava em retribuição, e que por fim mata-o. Em última instância, Tiempo de Morir é crítico do código machista, que demanda vingança, pertinente a um filme colombiano, dada a extraordinariamente alta taxa de homicídios lá. O filme é notável pelos inexoráveis movimentos de câmera, rastreando os movimentos de Sayago e os locais remotos da floresta e montanha tropicais.
Tiempo de Morir ganhou numerosos prêmios no festival de cinema do Rio de Janeiro, o Festival Internacional del Nuevo Cine Latinoamericano (Havana) em 1985, e nos festivais de Biarritz (França, 1986) e Acapulco (México, 1987). García Márquez ficou extremamente satisfeito com o filme de Triana, e os dois trabalharam juntos novamente em uma minissérie de TV, Crónicas de una Generación Trágica (1993) e o próximo longa-metragem do diretor, Oedipo Alcalde (1996), uma atualização da tragédia de Sofócles, Édipo Rei, que estreou no Festival de Cannes. Conhecidamente, nos primórdios dos anos 90, em meio a um projeto de adaptar obras maiores da literatura latino-americana aos palcos, Triana trabalhava na produção de "La Cándida Eréndira", uma adaptação do conto do escritor, "La Incredible y Triste Historia de la Cándida Eréndira y de su Abuela Desalmada", quando García Marquéz o acusou de deixar de fora uma citação importante. O grande escritor estava errado: a frase-chave do diálogo sobre um diamante escondido em uma laranja nunca estivera em seu conto original, mas ele demandou que Triana a incluísse na peça. Pelos vinte anos seguintes, Triana viajou rumo aos maiores foros teatrais em cidades tais como Washington D.C. e Nova York para montar suas peças. Também dirigiu os filmes Bolívar soy yo! (2002), uma comédia que venceu prêmios em muitos festivais - Lima (Peru), Festival de Cine de Bogotá, Festival Internacional de Cine de Mar del Plata (Argentina), Toulouse (França), Trieste (Itália), e Valdívia (Chile) - e Esto Huele Mal (2007).
Texto: Rist, Peter H. Historical Dictionary of South American Film. Plymouth: Rowman & Littlefield, 2014, pp. 568-70.

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