Filme do Dia: Trágica Perseguição (1947), Giuseppe De Santis
Trágica Perseguição (Caccia Tragica, Itália, 1947). Direção:
Giuseppe De Santis. Rot. Original: Corrado Alvaro, Umberrto Barbaro,
Michelangelo Antonioni, Giuseppe De Santis, Carlo Lizzani, Gianni Puccini &
Cesare Zavatini, sob argumento de De Santis, Lizzani & Lamberto Rem-Picci.
Fotografia: Otello Martelli. Música: Giuseppe Rosati. Montagem: Mario
Serandrei. Dir. de arte e Cenografia: Carlo Egidi. Figurinos: Anna Gobbi. Com:
Vivi Gioi, Andrea Checchi, Carla Del Poggio, Vittorio Duse, Massimo Girotti,
Checco Rissone, Umberto Sacripante, Alfredo Salvatori.
Ao final da Segunda Guerra, grupo de
camponeses formado sobretudo por ex-combatentes, tendo sido muitos deles
prisioneiros em campos de concentração, monta uma cooperativa. Alberto (Cecchi)
é um dos ladrões que assalta os membros da cooperativa. Ele acaba tomado como
refém, a recém noiva de Michel (Girotti), Giovanna (Del Poggio). Michel se sente
pressionado por todos os cooperados a revelar detalhes sob o sequestro, mas
resiste por conta das ameaças a ele dirigidas por Alberto. Com os camponeses,
aproxima-se do local onde se encontram entrincheirados o restante do bando, que
consiste em Alberto e sua amante, Daniela (Gioi). Daniela ameaça implodir tudo
pelos ares, mas é morta por Alberto. Esse, após capturado por Michel, é solto,
depois de um discurso em seu favor realizado por Michel.
De Santis, mais conhecido por ter sido
o realizador de um dos filmes mais célebres associados ao Neorrealismo (Arroz Amargo) entabula uma história que
mesmo fazendo menção ao passado recente de guerra, detém-se de forma rara em
eventos decorrentes desse, inclusive apontando de forma simpática para
associações defensoras de formas de trabalho social comunal, tampouco comuns na
produção neorrealista (uma outra exceção, de longe mais bem conseguida, foi A Terra Treme, de Visconti). Dito isso,
esse que é o primeiro longa ficcional de um realizador não muito profícuo
(apenas 13 filmes em meio século de carreira),
é bastante prejudicado por interpretações demasiado folhetinescas que
amortizam o que poderia haver de interessante em sua estética realista e por
saídas bem mais próximas do cinema de gênero habitual do que as de um
Rossellini, mesmo em filmes como Roma:
Cidade Aberta. Não pode ser pensada de outro modo o conflito final entre
Michel e Alberto, retrospectivamente herói e vilão ou, ainda pior, a sua
tentativa piegas de apresentar uma solidariedade entre membros do povo, quando
todos os agricultores dão uma segunda chance a Alberto, batizando-o em um
ritual tradicional, com um punhado de terra. Destaque para as constantes
referências a Lili Marlene, como ficou conhecida a cantora alemã da célebre
canção homônima, escutada a determinado momento do filme por Daniela, e que
seria título de um filme de Fassbinder quatro décadas após. Foi produzido por
uma associação de combatentes da resistência italiana, o que talvez explique
em parte seu semiamadorismo. ANPI/Dante Film para Libertas Film. 89 minutos.
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