Filme do Dia: Sunshine - Alerta Solar (2007), Danny Boyle

 


Sunshine – Alerta Solar (Sunshine, Reino Unido/EUA, 2007). Direção: Danny Boyle. Rot. Original: Alex Garland. Fotografia: Alvin H. Küchler. Música: John Murphy. Montagem: Chris Gill. Dir. de arte: Mark Tildesley & David Warren. Cenografia: Michelle Day. Figurinos: Suttirat Anne Larlarb. Com: Cillian Murphy, Chris Evans, Benedict Wong, Cliff Curtis, Michelle Yeoh, Hiroyuki Sanada, Rose Byrne, Troy Garity, Mark Strong.

2057. Uma equipe de cientistas tenta a bastante arriscada missão de tornar que o sol continue a ser o principal astro de nosso sistema solar. Tudo se torna mais tenso, quando ocorre um desvio da rota inicial da gigantesca espaçonave Icarus II. Uma explosão posterior provoca um racionamento de oxigênio, que exigirá a difícil tarefa de selecionar dentre os astronautas, quais devem ser sacrificados para que sua missão seja cumprida e a Terra seja salva. Um dos mais aguerridos defensores da missão é Robert Capa (Murphy), que possui sérias desavenças quase que absolutamente sobre tudo com Mace (Evans).

Mais atento com as relações entre seus personagens que propriamente com o peculiar visual que acomete esse ramo prolífico da ficção científica que é o filme de viagens espaciais, ao ponto quase da irresponsabilidade. De fato, seus jovens astronautas, mais parecem dividir um apartamento em alguma sitcom televisiva, na forma de falar (excluídos a verborragia pseudocientífica habitual) e, sobretudo, de se vestir. Algo que se estende aos interiores da nave espacial, mais parecida com um apartamento de decoração arrojada e futurista, sem esquecer uma queda passadista, representada por seu jardim de inverno habitado por uma espessa minifloresta tropical. Porém, trata-se certamente de uma impressão enganosa. Apesar do jeito casual de se vestir, falar e se movimentar de seus personagens, não abdica-se de um desenho de produção bem inserido nos protocolos do gênero, e essa tensão entre novidade e tradição pode ser tomada como uma ousadia interessante ou ser desprezada talvez por aqueles que queiram se sentir em um ambiente que nos faça sentir de fato em uma viagem espacial. Tampouco o elenco e sua casualidade nos faz acreditar tratar-se de cientistas internacionalmente renomados, inclusive o protagonista vivido por Murphy, que já havia estrelado produção anterior do mesmo gênero dirigida pelo realizador (Extermínio, de meia década antes). Também Garland,  roteirista e escritor do gênero, é o mesmo da produção anterior. A escatologia cristã permeia a história do início ao final, de forma mais dissimulada que em seus congêneres contemporâneos de maior apelo comercial (Eu Sou a Lenda, por exemplo), tal como sua trilha musical um tanto aborrecida. Do jardim do Éden ao auto-sacrifício coletivo passando por um ser mutante que regurgita velhos chavões religiosos um tanto severos. E o que talvez seja pior é que o filme também parece um meio-termo entre uma ficção mais convencional e a metafísica de um Solaris. Entre os dois polos, não é nada improvável que aborreça aqueles que busquem expectativas nos dois espectros. Para os que não são se posicionem radicalmente entre os extremos, o filme reserva alguns tentos, como seus próprios visuais do astro solar, habitualmente – e compreensivelmente – secundado pelo cinema ao longo de sua história (desde ao menos Viagem à Lua, de Méliès) e da espaçonave. Não falta uma versão computadorizada feminina do Hal-9000, do célebre filme de Kubrick, aqui chamada de Icarus. DNA Films/Ingenious Film Partners/MPC/UK Film Council para 20th Century Fox. 107 minutos.

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