Filme do Dia: San Giovanni Decolatto (1940), Amleto Palermi & Giorgio Bianchi

 




San Giovanni Decolatto (Itália, 1940). Direção: Amleto Palermi & Giorgio Bianchi. Rot. Adaptado: Amleto Palermi, Aldo Vergano, Cesare Zavattini, baseado na peça San Giuvanni Deculattu, de Nino Martoglio. Fotografia: Fernando Risi. Música: Alexandre Dervitsky. Montagem: Duilio A. Lucarelli. Dir. de arte: Piero Filippone & Vittorio Valentini. Cenografia: Mario Rappini. Figurinos: Fernando Di Bari. Com: Totó, Titina De Filippo, Silvana Jachino, Eduardo Passarelli, Osvaldo Genazzani, Franco Coop, Tomasso Marcellini, Bella Starace Sainati.

O sapateiro Agostino (Totó), o maior devoto de São João Degolado, certa noite observa um homem que rouba o óleo do lampião que ilumina o quadro e o expulsa.  Peppino (Di Giovanni) quer, a todo custo, que Serafina (Jachino), filha de Agostino, case-se com Orazio (Passarelli), o iluminador público. Serafina, entretanto, encontra-se apaixonada pelo advogado de família burguesa Giorgio (Genazzini), com quem de fato acaba se casando. Agostino e sua esposa, Concetta (De Filippo) chegam a residência do fazendeiro Don Benedetto (Marcellini), sendo apresentado como professor. Na noite de núpcias, Agostino procura se esquivar da dupla Peppino e Orazio, mas logo descobre que Peppino fora o autor do roubo do óleo. Uma briga de pratos se segue e a grande festa para celebrar o casamento.

Sua origem teatral parece remeter, senão de fato, ao menos no plano da imagem cinematográfica, aos tempos do vaudeville (ou no caso italiano, mais apropiadamente da commedia dell’arte), através de longos planos com câmera fixa e cenários estilizados, tendo como centro das atenções quase que irremediavelmente os histrionismos de um dos comediantes mais populares da história do cinema italiano, Totó, aqui ainda no início de sua carreira – esse é apenas o seu terceiro longa. Sua fonte ou pretensão de humor reside no contraste entre a origem popular do personagem vivido por Totó e o meio burguês que o cerca, cujas exigências de individualismo e silêncio, representado dentre outros, pelo próprio futuro genro estudante, quase como numa reprodução do próprio gênero da comédia popular que o filme representa diante dos pretensiosos dramas de época ou contemporâneos então produzidos pelo cinema italiano. Em nenhum momento este contraste é mais acentuado do que quando da chegada dos pais de Serafina à residência do pai do noivo, mais se assemelhando a dois retirantes caipiras.  Em meio a tantos cacoetes estilísticos por demais anêmicos, não deixa de ser uma surpresa a seqüência em que a dupla Peppino e Orazio fica para trás, quando tenta seguir a carruagem na qual se encontra Agostino e um fade apresenta a evolução da caminhada da dupla, recurso que se tornaria quase um lugar comum do cinema moderno e, principalmente, contemporâneo. Pode-se pensar no personagem de Totó como algo entre Oscarito e Mazzaropi para o cinema brasileiro. Produzione Capitane Film para ENIC. 89 minutos.

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