Filme do Dia: Perto Demais (2004), Mike Nichols

 


Perto Demais (Closer, EUA, 2004). Direção: Mike Nichols. Rot. Adaptado: Patrick Marber, baseado em sua própria peça. Fotografia: Stephen Goldblatt. Música: Steven Patrick Morrissey. Montagem: John Bloom & Antonia Van Drimmelen. Dir. de arte: Tim Hatley, Grant Armstrong & Hannah Moseley. Cenografia: John Bush. Figurinos: Ann Roth. Com: Natalie Portman, Jude Law, Julia Roberts, Clive Owen, Nick Hobbes, Colin Stinton, Steve Benham.

Dan (Law) é um escritor de obituários que passa a viver com a jovem americana Alice (Portman), embora acabe se apaixonando pela fotógrafa Anna (Roberts), que fez a capa de seu primeiro livro de ficção. Dan fantasia na internet que é a própria Anna e marca um encontro dela com o médico Larry (Owen), que tornam-se um casal. Na noite da vernissage de uma exposição de Anna, Dan passa a manter um romance secreto com ela. Ele conta tudo a Alice, que o abandona. Posteriormente, Anna faz o mesmo com Larry. Quando Dan já se encontra prestes a se unir a Anna, a revelação da última de que havia feito sexo com Larry para conseguir sua assinatura para o divórcio, faz com que ele desista dela. Dan encontra Larry, que o aconselha a visitar Alice, que voltou a trabalhar como stripper em Nova York, porém a revelação de que Larry fizera sexo com ela, torna-se um impedimento para que o casal volte a se unir.

Esse filme de Nichols demonstra um talento para adaptação de peças teatrais e uma certa pujança ausentes desde seus primeiros filmes, Quem Tem Medo de Virginia Woolf? (1966) e A Primeira Noite de um Homem (1967). Longe de possuir o mesmo caráter de vanguarda dentro da produção standard dos Estados Unidos em relação aos costumes da sociedade americana, apesar de certos momentos de linguajar vulgar para lá do habitual, acaba se beneficiando de um bom trabalho de direção de atores e certos ecos suavizados do cinema moderno e independente contemporâneo como o relativo distanciamento com que toda a trama é construída e uma montagem criativa (cujo paralelismo é construído, a certo momento, sobre temporalidades diversas), além da quase ausência de uma trilha sonora convencional (esta última, aliás, a cargo do ex-líder dos Smiths). Outro de seus grandes trunfos é que há certa perversão subliminar no quarteto, que nunca chega a ser explicitada de fato, já que os diálogos entre os personagens não dão conta da mesma. Da mesma forma, o final, pouco interessado em apresentar qualquer visão feliz seja do casal que reata – já que a mulher só volta a ele justamente por ser depressiva, como o personagem assegura – ou dos que permanecem solitários. Assim como desconstrói com o que era esperado dos dois personagens masculinos, sendo o “troglodita” mais racional e com maior domínio de si próprio que o “sofisticado”. Na trilha, de Bebel Gilberto a uma menção a um dos velhos sucessos de Morissey com os Smiths e Cosi fan Tutti, de Mozart, não por acaso utilizada em tramas como essa e Domingo Maldito, que envolvem relações triangulares e quadrangulares. Icarus Productions/John Calley Productions/Avenue Pictures Productions para Columbia. 104 minutos.

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