Filme do Dia: Os 7 de Chicago (2020), Aaron Sorkin
Os 7 de
Chicago (The Trial of the Chicago 7, EUA, 2020). Direção e Rot.
Original: Aaron Sorkin. Fotografia: Phedon Papamichael. Música: Daniel
Pemberton. Montagem: Alan Baumgarten. Dir. de arte: Shane Valentino & Nick
Francone. Cenografia:
Andrew Baseman. Figurinos: Susan Lyall. Com: Eddie Redmayne, Sacha Baron Cohen,
Alex Sharp, Jeremy Strong, Mark Rylance, Frank Langella, John Carroll Lynch,
Michael Keaton, Yahia Abdul-Mateen II, Danny Flaherty.
Em meio
aos eventos organizados de protesto próximos da convenção democrata de Chicago
em 1968, nas cercanias do Lincoln Park, um grupo de lideranças de esquerda virá
a ser julgada em um evento que durará mais de 100 dias. Dentre essas lideranças
se encontram o pantera negra Bobby Seale (Abdul-Matten II), o pacifista David
Dellinger (Lynch), o ativista anti-bélico Rennie Davis (Sharp), o químico John
Froines (Flaherty) e os mais atuantes, o ativista anti-bélico e pelos direitos
civis Tom Hayden (Redmayne) e os líderes contraculturais Jerry Rubin (Strong) e
Abbie Hoffman (Cohen), co-fundadores do Partido da Juventude Internacional.
Eles são levados a corte e diante de um juiz, Julius Hoffman (Langella), a seu
modo tão histriônico, performático e chamativo quanto Hoffman e Rubin.
A repetição
de fórmulas mais até do que do tema (abordado em um punhado de outras
produções, inclusive o documentário animado Chicago 10) torna algo
agônica a assistência dessa produção que, ainda contra si, possui o fato de
tentar elaborar dramaticamente episódio bastante específico da cultura nacional
norte-americana. E o faz de má forma, centrado no julgamento como vértice de
onde saem todas as ramificações envolvendo os episódios descritos em flashback.
Já a partir de seu prólogo pré-créditos, apresentado com montagem dinâmica
todos os principais envolvidos no episódio, tem-se a impressão de se embarcar
em uma viagem fortemente déjà vu em tudo e por tudo. Mais que patente
que o filme se torna mais empático com os líderes “culturais” Rubin e Hoffman
que com a face mais tipicamente política do movimento, Tom Hayden. Essa
centralidade do julgamento também tem uma cópia mais pálida (e ainda menos bem
resolvida, diga-se de passagem) que é uma apresentação de stand up
comandada por Abbie Hoffman, que também se refere aos episódios ocorridos, por
vezes se dando uma sobreposição entre as
falas do tribunal e as de de Hoffman sobre os mesmos eventos. O próprio uso das
imagens documentais como os do confronto no Lincoln Park são muito pouco
lapidados. Ao final se tem o momento de clímax com a leitura dos soldados
americanos mortos no Vietnã, em que uma conjunção de elementos distintos
(movimento de câmera, apoio inicialmente dos outros julgados, depois da
plateia, a presença da bela canção Hear My Voice, a paralisação do
julgamento) se conjugam em uma espécie de epifania moral coletiva, que diz
muito sobre o filme. E se alguns detalhes se perdem na quantidade de
envolvidos, outros soam demasiado clichês, como o momento de confronto entre as
atitudes de Hoffman e Hayden. A melhor produção que aborda os eventos em
Chicago, mais que suas lideranças, Dias de Fogo, foi curiosamente
realizado à época das próprias manifestações, incorporando as mesmas de forma
criativa em seu cenário ficcional. E se a longa tradição de filmes de
julgamento na filmografia hollywoodiana habitualmente está associada a uma
exaltação dos valores liberais e raramente findam com a ambiguidade de um, como
o aqui apresentado, nem por isso o tratamento dramático dado ao mesmo se torna
motivante. Dreamworks
Pictures/Amblin Partners/CCA Media Finance/Cross Creek Pictures/Double Infinity
Prod./MadRiver Pictures/Marc Platt Prod./Paramount Pictures/Reliance
Ent./Rocket Science/ShivHans Pictures para Netflix. 129 minutos.
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