Filme do Dia: Fantasma (2006), Lisandro Alonso
Fantasma (Argentina/França/Holanda,
2006). Direção e Rot. Original: Lisandro Alonso. Fotografia: Lucio Bonelli.
Música: Flor Maleva. Montagem: Lisandro Alonso & Delfina Castagnino. Dir.
de arte: Gonzalo Delgado, Guy-Claude François & Thierry François. Com:
Argentino Vargas, Misael Saavedra, Carlos Landini, Jorge Franceschelli, Rosa
Martinez.
No dia da estreia
de Os Mortos, de Lisandro Alonso,
Argentino Vargas, que participa do filme, vai ao cinema e assiste o filme
praticamente sozinho, com a companhia próxima de uma garota que trabalha no
local (Martinez).
Se os tempos
mortos são a matéria-prima que compõe a obra de Alonso, ao menos inicialmente,
aqui tal aplicação sofre uma torsão que o torna de longe menos interessante que
seu anterior A Liberdade. Se aquele
parecia ser uma atualização do desejo de Cesare Zavattini por um filme onde
nada ocorresse, aqui a utilização de
algo semelhante soa explicitamente como firula de estilo para um exercício algo
vazio e demasiado auto-centrado de Alonso. Assim surge a trilha barulhenta e os
minutos de tela em negro ou ainda a presença do título após muito tempo da
“ação” iniciada. E também as referências a si próprio, seja a não popularidade
de seus filmes, representadas pela sala de exibição deserta (que, por outro
lado, podem ser incluídas na extensa lista da cinematografia mundial em que o
cinema vem a ser associado com decadência e solidão, pelo menos desde No Decorrer do Tempo até A Última Sessão, passando por Adeus, Dragon Inn e vários dos pequenos
curtas que compõem Cada Um Com Seu Cinema). Ou ainda na presença do cartaz e sinopse de Os Mortos, algumas cenas do próprio filme sendo assistido e,
evidentemente, Argentino Vargas, assim como Misael, que fora protagonista de A Liberdade. Existe algumas passagens
de explícita e jocosa referência ao cinema-espetáculo, como quando Misael
segura uma mangueira e simula brevemente se tratar de alguma arma numa situação
típica de filme de ação. A elegância e o distanciamento clínico com que tudo é
apresentado apenas reforçam ainda mais se tratar de um exercício formal um
tanto auto-condescendente e pretensioso. 4L/Slot Machine/Fortuna Films. 63
minutos.
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