Filme do Dia: A Cidade da Violência (1950), Satsuo Yamamoto

 


A Cidade da Violência (Pen Itsuwarazu, Bôryoku no Machi, Japão, 1950). Direção Satsuo Yamamoto. Rot. Original Yasutarô Yagi & Yûsaku Yamagata.  Fotografia Eikichi Uematsu. Música Ichirô Saitô. Com Tôru Abe, Midori Ariyama, Shin Date, Kamatari Fujiwara, Taizô Fukami, Eiji Funakoshi, Yuriko Hanabusa, Tokue Hanazawa, Yasumi Hara, Masao Mishima, Takashi Shimura.

 Na pequena e aparentemente pacata cidade de Tōjō, o repórter de jornal Kita (Hara) é insultado e publicamente humilhado pelo chefão local, Onishi (Mishima). Depois passa a ser vítima do assédio das gangues. Seu superior no jornal, Sagawa (Shimura), que havia sido acionado para proporcionar proteção para o jornalista, manda um outro jornalista. Kita passa a contar com a solidaridade  espontânea de  um grupo difuso de jovens da cidade, que fazem parte de uma associação, a apoiar sua causa, e também de todos aqueles que anteriormente não se sentiam a vontade de tornar pública as chantagens vivenciadas por um grupo. Grupo este  que inclui também políticos e pessoas influentes da comunidade, com relação ao mercado negro sobre os parcos recursos que o país vivencia então, como o próprio chefe de polícia corrupto, e o grupo clandestino que se auto-denomina como apoiadores da polícia, passam a denunciar.

O cinema de comentário social de Yamamoto parece deslocado em seu momento, antecipando o que a geração da década seguinte – o nome de maior repercussão sendo Ôshima – irá efetivar. Aqui, ainda sob o viés de um drama liberal que seria o equivalente dos seus semelhantes hollywoodianos. E não é para menos esta sensação de algo único no panorama cinematográfico da época, uma vez que foi produzido por um grupo de sindicatos, que incluía os trabalhadores da indústria cinematográfica, em um momento que o cinema nipônico era completamente dominado pelos grandes estúdios – técnicos e elenco de três deles, participam dessa produção, e uma das três foi responsável pela distribuição do mesmo. A quantidade excessiva de persoangens e as complexas relações que vivenciam se tornam um grande obstáculo para que se consiga seguir, sem maiores percalços, a narrativa, coroada pelo idealismo de uma narração over que surge ao início, em um determinado momento curto ao longo da narrativa, e ao final. Tendo sido o esquema desbaratado e a violência da pequena cidade sufocada, alerta-se para o eventual retorno da mesma, pois nem tudo foi devidamente “sanado”. Seu prólogo “documental”, que situa a cidade em órbita da grande Tóquio, e utiliza da singela imagem de um cachorro deitado no meio da rua para evocar sua tranquilidade, rapidamente tem esse clichê desfeito quando um garoto atira com uma baladeira contra o cachorro – antecipando uma cena em que um cachorro será vítima de dois tiros de uma das gangues.|Daiei. 111 minutos. 

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