Filme do Dia: Lisbela e o Prisioneiro (2003), Guel Arraes

 


Lisbela e o Prisioneiro (Brasil, 2003). Direção: Guel Arraes. Rot. Adaptado: Guel Arraes, Pedro Cardoso & Jorge Furtado, baseado na peça de Osmar Lins. Fotografia: Ulrich Burtin. Música: João Falcão & André Morais. Montagem: Paulo Henrique Farias. Dir. de arte: Cláudio Amaral Peixoto. Figurinos: Emilia Duncan. Com: Selton Mello, Débora Falabella, Virginia Cavendish, Marco Nanini, Bruno Garcia, Tadeu Mello, André Matos, Lívia Falcão.

O artista mambembe Léleu (Mello), conquistador incorrigível, acaba apaixonando-se perdidamente por Lisbela (Falabella), que conhece no interior de Sergipe, filha do conservador e viúvo Tenente Guedes (Mattos). Lisbela é prometida de Douglas (Garcia), um jovem pretensioso que conheceu o Rio de Janeiro e voltou esnobando a província. E é fã inverterada de cinema e nas telas projeta identifica seus sonhos e martírios. Léleu vem sendo perseguido há tempos pelo matador Frederico Evandro (Nanini), por ter mantido relações com sua esposa, a fogosa Inaura (Cavendish). Ironicamente Léleu salva a vida do próprio Frederico, embora tal dívida não enfraqueça o ódio de Frederico, quando Léleu vai buscar Frederico para se vingar de seu pior inimigo, ou seja ele próprio. Lisbela decide abandonar o noivo no altar e Leléu abandona Inaura. Quando Frederico se prepara para matar Leléu, é morto. Leléu parte com Lisbela com o apoio do pai.

Seguindo as facilidades de outras adaptações inspiradas no imaginário popular, Arraes apenas parece seguir uma fórmula que conseguiu seu nicho no mercado e alguns bons resultados como Deus é Brasileiro. No caso em questão, o resultado final é prejudicado pelo romantismo rasteiro e banal, igualmente apoiado nos lugares comuns do cinema como ilusão e constantes referências a uma igualmente desgastada metalinguagem. Com uma edição dinâmica e boas interpretações para personagens não menos que caricatos, o filme não se distancia muito de uma tradição de teledramaturgia que há décadas vem explorando o lado cômico de aspectos do imaginário nordestino, com resultados geralmente sofríveis. Sua visão de mundo, grandemente acrítica e reprodutora de clichês, torna-se menos subversiva que grandemente conservadora. Um dos poucos momentos inspirados é o que o protagonista explica para a mocinha como efetiva o truque da transformação da mulher em gorila através de um jogo de espelhos e um dos episódios que Lisbela assiste no cinema que o galã se transforma em um envergonhado monstro que não consegue esconder suas presas ao sorrir. Estúdios Mega/Globo Filmes/Natasha Filmes.

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