Filme do Dia: Meu Filho Professor (1946), Renato Castellani
Meu Filho Professor (Mio Figlio Professore, Itália, 1946).
Direção: Renato Castellani. Rot. Original: Suso Cecchi D’Amico, Emilio Cecchi,
Renato Castellani, Aldo De Bedenedetti, Aldo Fabrizi, Fulvio Palmieri &
Fausto Tozzi. Fotografia: Carlo Montuori. Música: Nino Rota. Montagem: Mario
Serandrei. Dir. de arte: Gastone Medin. Figurinos: Maria De Matteis. Com: Aldo
Fabrizi, Giorgio De Lullo, Mario Pisu, Diana Nava, Lisetta Nava, Pinuccia Nava,
Nando Bruno, Guido Agnoletti.
O professesor Orazio Belli (Fabrizi),
porteiro de uma escola, dedicou toda sua vida a educação de seu filho (De
Lullo), que vem a se tornar professor, mas é designado para morar em outra
cidade. Ele retorna anos depois e passa a trabalhar na escola onde igualmente
trabalha o pai, mas um distanciamento se torna crescente entre os dois, devido
a disparidade de status entre ambos.
Castellani faz bem menor uso das
filmagens em locação e de uma narrativa mais atribulada e feérica como a de seu
filme mais lembrado, Sob o Sol de Roma (1948)
nessa sua aproximação irônica e ambígua do amor e dedicação de um pai por seu
filho. Ambígua porque ao mesmo tempo que apresenta uma relação profundamente
desigual em termos de afetividade e educação e evita vulgares golpes de efeito
como os da morte dos pais de seu jovem protagonista no filme seguinte, como
fica demonstado em seu exemplarmente contido final, que não apresenta nenhuma
solução que não a da própria continuidade da situação, tampouco deixa de
sinalizar de forma sentimentalmente típica para o sofrimento do velho. A
dimensão sentimental e de identificação com o personagem de Fabrizi é realçada
pela trilha de Rota, futuro colaborardor de Fellini, mas sobretudo pela
extragante interpretação de Fabrizi, numa versão masculina de Magnani. O filme
certamente depende dele para funcionar, pois ele é a única personagem do qual
se aproxima além da superfície e, infelizmente, essa dependência acaba se
expressando grandemente através dos diálogos, mais do que qualquer
inventividade visual, aproximando-se bastante do cinema produzido durante o
fascismo. As referências políticas, bem mais marcadas no filme seguinte, ainda
que enquanto mero pano de fundo para a trama principal, aqui se tornam
completamente inócuas diante do mundo das relações afetivas, ainda quando essas
são trabalhadas de forma menos maquínica que no fime de dois anos após. Lux
Film. 100 minutos.
Comentários
Postar um comentário