Diconário Histórico de Cinema Sul-Americano#47: Max Glücksmann

 

GLÜCKSMANN, Max (Argentina, 1875-1946).  Nascido Mordecai David Glücksmann, em Czernowitz, Império Austríaco (hoje parte da Ucrânia), foi um judeu imigrante pioneiro das indústria fonográfica e cinematográfica argentina. Chegou em Buenos Aires em 1890 e pouco tempo após começou a trabalhar como assistente de fotógrafo. Após trabalhar por conta própria, foi contratado pela Casa Lepage, uma empresa que importava materiais fotográficos. O proprietário da companhia, Henri Lepage, foi um belga que, juntamente com Eugène Py, um francês que também trabalhava lá, e Glückmann compareceram à primeira exibição dos Irmãos Lumière, no Teatro Odeon, em 18 de julho de 1896. Após fracassar na tentativa de comprar equipamento dos Lumière, Lepage comprou câmeras Gaumont/Demeny e Pathé e, em 1896, Py filmou o primeiro filme argentino, La Bandera Argentina, apresentando a bandeira argentina agitada em um mastro na Plaza de Mayo. Pouco depois disso, Glücksmann, que agora exercia a função de gerente na Casa Lepage, começou a vender câmeras, projetores e pequenos rolos de filmes, em sua maioria cinejornais importados da Europa. A Casa Lepage começou a produzir seus próprios cinejornais em 1900, filmados por Py.

Glücksmann passou a exercer crescente controle da companhia de Lepage e, por fim, comprou-a dele em 1908. Antes disso, havia sido apontado como agente importador de discos e toca-discos Odeon, em 1904, e em 1907 Glücksmann e Py fizeram experiências com som e cinema gravando uma canção, e depois a executando através de um megafone diante do cantor, que pronunciaria as palavras enquanto filmado. Na mesma época, Glücksmann começou a construir cinemas, não somente em Buenos Aires, mas por toda a Argentina, e no Uruguai e Chile. A Parlophone alemã estava processando e prensando discos de gramofone Glücksmann em Buenos Aires, e o negócio rapidamente veio a dominar o mercado de tango na Argentina. Ele contratou o pianista Roberto Firpo em 1913, e em 1917, pôs Carlos Gardel sobre contrato. No campo do cinema, Glücksmann continou a produzir cinejornais regulares, uma edição de 1913 tendo sobrevivido, enquanto movia-se rumo a distribuição e exibição. Em 1914 Glücksmann produziu um longa-metragem, Amalia, cujas receitas foram doadas à caridade. 

Abriu seu próprio estúdio em 1915, e montou a produção de um longa épico, com um elenco de 400 pessoas, sobre a revolução de 1810. Este filme, Mariano Moreno y la Revolución de Mayo recebeu resenhas de admiração em seu lançamento. Produziu um punhado mais de ficções após, mas se concentrou principalmente na produção de filmes documentários, filmes industriais e cinejornais, enquanto distribuía e exibia longas estrangeiros. Em 1919 abriu a primeira fábrica de discos argentina, Disco Nacional Odéon, e em 1929 foi o primeiro a equipar um de seus cinemas, com os sistemas sonoros Vitaphone (em disco) e Movietone (na película). Foi também o primeiro proprietário de cinema a exibir um filme falado em espanhol na Argentina (um curta de O Gordo e o Magro), em 1930. Após a chegada da EMI discos na Argentina, em 1931, Glücksmann passou a perder controle sobre sua própria companhia. Também abandonou a produção de cinejornais e nunca mais realizou outro filme. De 1933 em diante, Glücksmann apenas distribuía filmes de um estúdio norte-americano que não possuía subsidiária no país, RKO Radio Pictures, e ao final da década seu império de salas de exibição havia se reduzido a somente 16 cinemas na Argentina (dos 50 que possuiu no seu auge), apesar de ainda controlar 40 no Uruguai. Faleceu em Buenos Aires. 

Texto: Rist, Peter H. The Historical Dictonary of South American Cinema. Plymouth: Rowman & Littlefield, 2014, pp. 286-88.  

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Filme do Dia: Der Traum des Bildhauers (1907), Johann Schwarzer

Filme do Dia: El Despojo (1960), Antonio Reynoso

Filme do Dia: Quem é a Bruxa? (1949), Friz Freleng