Filme do Dia: Marrocos (1930), Josef von Sternberg
Marrocos (Morocco, EUA, 1930). Direção: Josef von Sternberg. Rot. Adaptado:
Jules Furthman, baseado na peça Amy Jolly,
de Benno Vigny. Fotografia: Lucien Ballard & Les Garmes. Montagem: Sam
Winston. Dir. de arte: Hans Dreier. Figurinos. Travis Banton. Com: Gary Cooper,
Marlene Dietrich, Adolphe Menjou, Ullrich Haupt, Eve Southern, Francis McDonald,
Paul Porcasi.
A cantora de cabaré Amy Jolly
(Dietrich) desperta o amor do milionário solteirão La Bessiere (Menjou) à
caminho do Marrocos. Indiferente e descrente dos homens, no entanto, ela o
ignora como ignora a todos. A situação muda de figura quando conhece o
legionário Tom Brown (Cooper). O amor que se inicia entre ambos é interrompido
pelo envolvimento amoroso de Brown com a mulher (Southern) de seu superior,
Caesar (Haupt), que ordena que ele parta em perigosa missão. Dividido entre
ir na missão ou desertar com Jolly, acaba partindo. Solitária, Jolly cede
aos mimos de La Bessiere, com quem noiva. No dia que celebram o noivado, com a
presença da fina flor da sociedade local, os ruídos do retorno dos legionários
faz com que Jolly abandone o noivo na mesa do jantar e parta para saber
notícias de Brown. Sabendo-o ferido em outra cidade, viaja imediatamente com o
marido. Encontra-o, porém, com saúde em uma taberna local, acompanhado de uma nativa. Sua
aparente indiferença e o igualmente simulado cinismo de Jolly apagam-se quando
a mesma percebe que ele gravara o nome dela na mesa. Após as despedidas formais
de Brown para com Jolly e La Bessiere, Jolly muda de idéia e une-se às nativas
que sempre acompanham os legionários.
Segundo filme da parceria entre
Sternberg e Dietrich que resultou em
sete e o primeiro americano da série, produzido logo após O Anjo Azul, do mesmo ano. O estilo que consagraria Sternberg volta a se repetir, seja
nos suntuosos e fantasiosos cenários, seja na relação, ainda que mais
tradicional que no seu filme anterior, de amour
fou entre seus protagonistas. A fluidez visual, já prenunciada na sua
produção anterior, aqui é ainda mais explorada, com a presença constante de
longos travellings. A moralidade
própria do cineasta, que não se escusa em apresentar uma cena clássica em que
uma Dietrich completamente masculinizada beija outra mulher ou ainda as várias
amantes do personagem vivido por Cooper (em um de seus primeiros papéis de
destaque no cinema), no momento em que Dietrich vai despedir-se dele, rendeu
certas dificuldades junto à censura americana da época. A mais bela seqüência,
no entanto, é a final, filmada em planos longos e com grande senso de ritmo,
que observa a caravana de legionários partindo. Como no filme anterior, o
cineasta dispensa qualquer comentário musical que não seja o das canções, com letras igualmente de duplo sentido.
Paramount. 92 minutos.
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