Filme do Dia: Philomena (2013), Stephen Frears
Philomena (Reino Unido/EUA/França,
2013). Direção: Stephen Frears. Rot. Adaptado: Steve Coogan & Jeff Pope, a
partir do livro The Lost Child of
Philomena Lee, de Martin Sixsmith. Fotografia: Robbie Ryan. Música:
Alexandre Desplatt. Montagem: Valerio Bonelli. Dir. de arte: Alan MacDonald,
Leslie McDonald, Rod McLean & Sarah Stuart. Cenografia: Barbara
Herman-Skelding. Figurinos: Consolata Boyle. Com: Judi Dench, Steve Coogan,
Sophie Kennedy Clark, Mary Winningham, Barbara Jefford, Ruth McCabe, Peter
Hermann, Sean Mahon.
Martin Sixsmith
(Coogan) é um jornalista desempregado que tem como planos escrever a história
da Rússia, sem conseguir muito interesse de qualquer editor. Em um evento que participa,
é instigado por uma jovem que trabalha no evento a escutar a história de sua
mãe, Philomena (Dench), que perdeu seu filho de uma relação fortuita, quando
jovem (Clark), para as freiras da escola católica em que estudava, deixando de
ter qualquer contato com o filho
Anthony. Ela vai com o jornalista até a escola onde estudara, mas a atual
administradora fala que seus registros foram queimados em um incêndio. Com o
apoio dos editores interessados na história, Martin parte com Philomena para
Washington. Martin logo descobre que o homem, que havia sido criado como
Michael (Mahon), fora um importante assessor dos círculos políticos
republicanos, tendo convivido com as administrações Reagan e Bush, mas morrera
vítima de complicações decorrentes da AIDS. Seu então companheiro Pete Olsson
(Herman), recusa-se a encontrar a dupla, até o momento em que a própria
Philomena decide falar com ele. O que Olsson revela é um quadro bem diferente
do que até então possuíam. Com as informações dadas por ele, a dupla retorna a
escola, para um confronto com informações que foram sonegadas tanto para Michael
quanto para sua mãe.
Envolvente em seu
ritmo investigativo e com uma interpretação relativamente contida de Dench,
tornada mais instigante quando, num breve momento, a vemos chorar diante do
túmulo do filho, o filme tampouco deixa de lidar com elementos não tão bem
sucedidos. Ainda que a forma paternalista com que a personagem de Philomena é
construída deixe a desejar, é algo compensada quando de seu “confronto final”
com o jornalista. Ela, a leitora de ficção barata e sentimental. Ele, um
intelectual que cita T.S. Elliot e não se conforma com a maneira aparentemente
passiva com que Philomena lida com sua própria tragédia pessoal, decorrente em
boa parte do tratamento que lhe foi reservado pela instituição onde estudou. A
determinado momento, como era aliás de se esperar, Philomena parece reagir de
forma mais racional e equilibrada que o fleumático jornalista. O que importa
ressaltar é que não ocorre exatamente uma inversão, por mais que o “frio
racionalismo” daquele acabe cedendo, ao ponto dele comprar um Cristo para ela
numa loja de souvenirs. Seguindo trilha semelhante ao de outras obras
britânicas amparadas em fatos reais, tais como Notas Sobre um Escândalo, onde se observa com relativa contrição o
que é narrado, algo que aqui é grandemente prejudicado sobretudo pela
desnecessária trilha de Desplatt, daquelas que parece sentir por nós os
momentos mais dramáticos, esvaziando os mesmos de um efeito mais contundente.
Soa até inverossímil que o único evento sentimental e sexual que parece
mobilizar a protagonista do início ao final do filme – pois sequer há qualquer
menção ao pai de sua filha – tenha ficado meio século incógnito. A atriz Jane Russell se torna uma referência, por ter sido uma das norte-americanas a adotar
crianças irlandesas no colégio em questão. BBC Films/Baby Cow
Prod./BFI/Magnolia Mae Films/Pathé. 98 minutos.
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