Filme do Dia: A Dama do Céu Azul (1957), Yasuzô Masumura


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A Dama do Céu Azul (Ao-Zora Musume, Japão, 1957). Direção: Yasuzô Masumura. Rot. Adaptado: Yoshio Shirasaka. Fotografia: Michio Takahashi. Música: Taichirô Kosugi. Montagem: Tatsuji Nakashizu. Dir. de arte: Atsuji Shibata. Com: Ayako Wakao, Kenji Sugawara, Keizo Kawasaki, Chôchô Miyako, Sadako Sawamura, Kuniko Miyake, Jiro Tamiya, Chieko Higashiyama.
Yuko Ono (Wakao) é a filha bastarda de um alto executivo que vive em Tóquio, enquanto ela vive num lugarejo, na pobre casa da avó. Quando essa morre, Yuko vai procurar pelo pai, e encontra uma família orgulhosa, que a transforma em empregada assistente da casa. Quando seu pai Tatsuko (Sawamura) retorna de viagem, ele pretende dar um tratamento mais digno para Yuko, mas encontra forte resistência da esposa, enciumada pela filha do grande amor da vida do marido. Para piorar a situação, Yuko ganha o coração de Futami (Sugawara), até então o namorado da fútil irmã. Yuko abandona a casa em busca da mãe (Miyake) e quando a encontra, decide viver com ela e fazer com que o pai esqueça sua paixão da juventude e volte sua atenção para a atual esposa.
Sua soberba fotografia e uso do espaço – aproveitado de forma mais complexa no ambiente urbano de Tóquio do que na cidadela onde morava Yuko, apresentada quase sempre a partir de um punhado de locais “fotogênicos” – assim como sua descrição do individualismo burguês que irrita a empregada, duplo do que seria tanto a heroína como um comentário crítico do próprio Masumura, reforçando seu trivial e mecânico maniqueísmo, encontram-se entre os poucos atrativos desse melodrama quase pueril de Masumura. Ao contrário de seus  melhores filmes, aqui o cineasta não avança na sua delicada, porém incisiva, diferenciação com relação a certas situações vinculadas aos códigos do gênero. Tudo segue sem muito assombro ou surpresa. O maniqueísmo impera quase ao ponto da simplicidade de um conto de fadas estilo Gata Borralheira. Demasiado insípido quando se compara as irônicas torções que havia efetuado na estrutura equivalentemente melodramática de seu contemporâneo Danryu. Esse parece ser a versão leve ou adolescente daquele, cheio de pequenos leitmotifs tanto visuais quanto verbais. Se alguns deles conseguem extrair um pouco de frescor, ainda que longe de algo próximo do que um Bergman faria na mesma época ou pouco antes, outros são simplesmente demasiado ingênuos e soam constrangedoramente datados, como o próprio que dá título ao filme, referindo-se a maneira de Yuko se dirigir ao céu azul. Não deixa de haver cenas involuntariamente cômicas em seu excesso, como aquela no qual o pai de Yuko, simplesmente após ouvir o sermão da filha, acena pela primeira vez com um tratamento mais gentil com a esposa e essa se debulha em um choro espalhafatoso. Destaque para a cena inicial em que a protagonista comenta com suas amigas o fato de ser Gina Lollobrigida e não mais Sophia Loren. Daiei. 89 minutos.


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