Filme do Dia: Blue Jasmine (2013), Woody Allen
Blue Jasmine (EUA, 2013). Direção e Rot. Original: Woody Allen. Fotografia: Javier Aguirresarobe. Montagem: Alisa Lepselter. Dir. de arte: Santo Loquasto, Michael E. Goldman & Doug Huszti. Cenografia: Kris Boxell & Regina Graves. Figurinos: Suzy Benzinger. Com: Cate Blanchett, Sally Hawkins, Alec Baldwin, Bobby Cannavale, Andrew Dice Clay, Peter Sarsgaard, Louis C.K., Michael Stuhlbarg, Alden Ehrenreich, Daniel Jenks.
A socialite Jasmine (Blanchett), depois do fracasso do relacionamento em Nova York com um novo-rico que acabou se matando ou sendo morto na prisão por fraudes fiscais, Hal (Baldwin), decide morar com a irmã pobretona, Ginger (Hawkins), em San Francisco, que só namora homens populares como Chili (Cannavale). Nunca mais teve notícias ou buscou o filho Danny (Ehrenreich), que abandonou a casa revoltado após saber do escândalo envolvendo o pai. Nervosa e sem saber que rumo tomar na vida, Jasmine vai trabalhar como recepcionista de um dentista, Dr. Flicker (Stuhlbarg), até ser assediada por ele. Uma amiga dela a chama para uma festa na qual poderá encontrar um bom partido. De fato, ela acaba encontrando o promissor Dwight (Sarsgaard), bem sucedido diplomata que sonha em fazer carreira política, que se apaixona por ela. Porém, o sonho dura pouco, pois é flagrada por um ex-namorado da irmã, Augie (Clay), que a desmascara diante do noivo.
Efetivamente tão constrangedor para Allen quanto, por exemplo, o contemporâneo Amantes Passageiros fora para carreira de Almodóvar, sucumbe sobretudo, por sua falta de ritmo que faz com que sua duração um pouco acima da média das metragens do realizador pareça ser desproporcionalmente longa, assim como uma narrativa eivada de personagens demasiado triviais e clichês para soarem minimamente interessantes. Com essa base, fica difícil sequer orquestrar um maior equilíbrio entre elementos dramáticos e cômicos, ao contrário das melhores obras do realizador (por exemplo, Hannah e Suas Irmãs). Como uma versão contemporânea e ao mesmo tempo atemporal de Blanche Dubois, a personagem da desequilibrada Jasmine é vivida com garra e intensidade por Blanchett, mas mesmo sua interpretação afiada quase nada consegue contra tantos obstáculos. Chega a ser irritante a facilidade com que Jasmine recorre ao seu tubo de pílulas Fotografado em uma bela tonalidade pseudo-sépia, sendo a primeira colaboração do fiel diretor de arte Loquasto em quatro anos com o realizador. Com uma estrutura que favorece a descoberta de elementos da trama episodicamente, algo que tampouco acrescenta algo, o filme apresenta o retrato de duas personagens femininas que parecem se encontrar completamente a reboque dos homens que se envolvem, sobretudo a protagonista. E o atípico final infeliz segue convenções melodramáticas bem convencionais, ainda que supostamente a cafonice da classe média baixa não seja exatamente o ambiente pelo qual Allen mais se interessou, com raras exceções (como na comédia de longe mais interessante Broadway Danny Rose). Perdido Prod. para Sony Pictures Classics. 98 minutos.
Postado originalmente em 20/04/2014
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