Filme do Dia: Minhas Mães e Meu Pai (2010), Lisa Cholodenko


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Minhas Mães e Meu Pai (The Kids are Alright, EUA, 2010). Direção: Lisa Cholodenko. Rot. Original: Lisa Cholodenko & Stuart Blumberg. Fotografia: Igor Jadue-Lillo. Música: Carter Burwell, Nathan Larson & Craig Wedren. Montagem: Jeffrey M. Werner. Dir. de arte:  Julie Bughoff & James Connelly. Figurinos: Mary Claire Honnan. Com: Annette Benning, Julianne Moore, Mark Ruffalo, Mia Wasikowska, John Hutcherson, Yaya DaCosta, Kunal Sharmu, Eddie Hassell.
Nic (Benning) e Jules (Moore) formam um casal lésbico que possui um casal de filhos adolescentes, Joni (Wasikowska) e Laser (Hutcherson), que descobrem o doador do esperma que os gerou nas suas respectivas mães. Elas entram em contato com o doador, Paul (Ruffalo) e a partir daí as relações familiares se tornam crescentemente tensas. Nic se sente gradativamente perdendo sua influência sobre os filhos, cada vez mais interessados em conhecer melhor Paul. Jules, por sua vez, sentindo-se pouco incentivada em termos profissionais por Nic, ao longo de sua união, envolve-se com Paul. Nic descobre tudo, assim como os filhos. Após uma situação de separação temporária, o casal reata após uma comovida declaração de amor de Jules a Nic. Juntos, eles partem para levar Joni para sua nova morada independente.
O filme chega a flertar com posições conservadoras, como a de uma lésbica que acabaria descobrindo que sua verdadeira essência se encontraria atrelada a uma maior proximidade com a dimensão de uma sexualidade mais convencional e, inclusive, biológica – o momento em que Jules parece ser fisgada por Paul é justamente aquele em que percebe nele, tiques do filho. Tudo isso somente para desconstruir, evidentemente, esse equívoco e de reafirmar a posição da família heterodoxa inicial. Para Paul, envolvido sob diversos aspectos na relação, não sobra nenhuma resposta ou aceno de continuidade nas relações – no máximo, talvez, da filha. O que torna tudo demasiado “palatável” para um público mais amplo é tanto sua estrutura convencional o suficiente para acomodar suas pretensas inovações ou ousadias em termos da cartilha politicamente correta, como é o caso do envolvimento de Jules com Paul quanto a exibição de cenas de simulação de sexo envolvendo os casais hétero com muita mais liberdade do que as pudicas demonstrações de amor lésbico vivenciadas pelo casal protagonista. Falta talvez um maior senso de economia na narrativa, apresentando personagens e situações perfeitamente dispensáveis e, pior que tudo, a presença de uma intenção de flagrar uma relação afetiva, homossexual ou não, de uma forma menos domesticada e passível de ser consumida sem maiores indagações, ao contrário da mais instigante e menos paternalista reflexão das relações afetivas que marca o melhor cinema autoral europeu. Mandalay Vision/Saint Aire Prod./10th Hole Prod./Antidote Films/Artist Int./Gilbert Films/UGC PH para Focus Features. 106 minutos.


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