Filme do Dia: A Ilha do MIlharal (2014), George Ovashvili


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A Ilha do Milharal (Simindis Kundzuli, Georgia/Alemanha/França/Rép. Tcheca/Casaquistão, Hungria, 2014). Direção: George Ovashvili. Rot. Original: Roelof Jan Minneboo, George Ovashvili & Nugzar Shataidze. Fotografia: Elemér Ragályi. Música: Iosif Bardanashvili. Montagem: Kim Sun-min. Dir. de arte: Agi Ariunsaichan Dawaachu. Com: Ilyas Salman, Mariam Buturishvili, Irakli Samushia, Tamer Levent.
Após as inundações da primavera, bancos de areia são formados em meio ao rio. Nessas ilhotas, eventuais agricultures como um velho homem (Salman) e sua neta (Buturishvili) aproveitam a situação para plantar milho. Porém se trata de um território onde também exércitos da Geórgia e da Rússia fazem treinamentos militares, não sendo um local exatamente pacífico.
Boa parte do filme se sustenta na parca informação que vai sendo gradativamente entregue ao espectador. Será a garota uma pretendente demasiado jovem, quase mesmo infantil prometida ao  velho? Qual o perigo real representado pelos homens do exército que trafegam em seus botes? Quando a cabana, que havia sido o foco da primeira meia hora do filme, acaba de ser erigida, imagina-se que os soldados, que haviam sido observados de relance anteriormente, ressurjam. E, de fato, é o que quase instantaneamente ocorre. Teme-se tanto qualquer violência do “exterior” a pequena bolha de mundo observada, próxima da criada em um romance como O Pequeno Príncipe, que se constrói a partir de um esforço humano que se acompanha passo a passo, quanto a introdução ou invasão de elementos dramáticos mais rotineiros associados ao que essa representaria para o filme. É  é o que acaba ocorrendo de fato. É como sobre um fio de uma navalha que se equilibrassem o velho e a menina, em que o temor nem por isso exclui de todo a segurança e vice-versa. Pode-se dizer que existe um flerte calculado com as expectativas do filme de gênero, que são postas para serem dribladas (pouco importa, ao final de contas, a situação que envolve o soldado em meio aos exércitos russo e da Geórgia) que é relativamente bem conseguido no atacado, mas no varejo um certo espectro com relação ao filme de suspense parece menos bem resolvido, como é o caso da cena em que a garota sai para tomar banho nua no rio à noite e se assusta (assim como pretende assustar sobretudo ao espectador) com um ruído, numa situação que mais parece ter saído do Tubarão (1975) de Spielberg.  Seu final é decepcionantemente banal, quase que praticamente pondo tudo o que havia sido construído a perder (metáfora involuntária para a própria situação vivenciada por seu protagonista?).  Longe do rigor formal na aproximação de seu personagem de um A Liberdade, de Alonso, aqui todas as pretensas “excentricidades”, como não apenas a do primeiro diálogo surgir com vinte minutos de filme, como estes serem mais exceção que a regra ao longo do mesmo, nem por isso afetam uma estrutura dramática bem mais convencional, sugerindo uma aproximação maior com o realismo poético de  A Ilha Nua (1962), de Shindô, ao menos em sua primeira metade, quando ainda se pode dar ao luxo de um minimalismo que exclui do primeiro plano as relações interpessoais. Destaque para sua exuberante fotografia. Torna-se inescapável a consideração que uma produção vinculada a tantos países e fontes de financiamento, o mesmo valendo para sua equipe técnica e elenco, raramente pode levar a um projeto autoral mais genuinamente fincado em uma realidade sócio-espacial mais concreta. 42 Film/Alamdary Films/Kino Co./Axman Prod./Focus-Fox Studio/George Ovashvili Prod. 100 minutos.

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