Filme do Dia: O Preço de um Prazer (1963), Robert Mulligan
O Preço de
um Prazer (Love with a Proper Stranger,
EUA, 1963). Direção: Robert Mulligan. Rot. Original: Arnold Schulman.
Fotografia: Milton R. Krasner. Música: Elmer Bernstein. Montagem: Aaron Stell.
Dir. de arte: Roland Anderson & Hal Pereira. Cenografia: Sam Comer &
Grace Gregory. Figurinos: Edith Head. Com: Natalie Wood, Steve McQueen, Edi
Adams, Herschel Bernardi, Harvey Lembeck, Tom Bosley, Mario Badolati.
Angie Rossini (Wood), vendedora da Macy’s, é uma garota de uma
histérica família católica italiana que se descobre grávida de uma relação
casual com Rocky Papasano (McQueen). Ela o busca para conseguir dinheiro para o
aborto. Ambos conseguem juntar uma soma considerável, mas quando finalmente
chega o momento, num ambiente clandestino e sem higiene, Rocky se revolta e a
protege. Angie procura uma relação com “sinos e banjos”. Ela se muda da casa
dos pais e passa a se relacionar com o cozinheiro sem sal Anthony (Bosley). Convida
Rocky para jantar certa noite. Ele vai e tenta conquista-la, mas ela mantém
distância. No dia seguinte, a saída de seu trabalho, ele se encontra tocando
banjo.
Indo além dos ditames morais da mais bem comportada adaptação Bonequinha de Luxo (1961), de Edwards,
indo aquém do charme daquela, essa comédia dramática de Mulligan faz uso da óbvia Wood como
passaporte para personagens femininas de vanguarda no conservador cenário
hollywoodiano. Uma certa excentricidade histérica persegue o filme durante um
tempo mais que razoável, tornando-se cada vez mais neutralizado pela esperada
sentimentalidade e interesse crescente do personagem vivido por McQueen. A
formação católica e o fato de fazer parte de uma família italiana repressora e
extravagante, da qual pretende se libertar, parecem antecipar o universo das
estripulias sexuais da aparentemente liberada personagem vivida por Diane
Keaton em À Procura de Mr. Goodbar.
Quando se observa os momentos de intimidade do personagem vivido por McQueen
com cenas similares apresentadas em Acossado,
tem-se a dimensão do abismo que separava a casualidade conseguida pelo clássico
francês da recitação de frases de efeito quase trivial da produção
norte-americana, tendo-se em conta igualmente que provavelmente tal cena não
seria sequer possível sem aquele. A sequencia final parece ter sido filmada
algo ao improviso das ruas, também evocativa do filme de Godard, com pessoas
chegando a trombar com a própria câmera, alguns olharem para lente, etc.
Destaque para a ousadia de centrar a esmagadora parte de sua ação em não mais
que algumas horas. Alan J. Pakula foi os produtor do filme. Pakula-Mulligan
Prod./Boardwalk Prod./Rona para Paramount Pictures. 102 minutos.
Comentários
Postar um comentário