Swedes in America (1943), Irving Lerner







Swedes in America (EUA, 1943). Direção: Irving Lerner.
Esse curta documental, o primeiro da séria Projections of America apresenta o outro lado da propaganda de guerra dirigida por nomes como Frank Capra nos seus longas de compilação contemporâneos, da bem mais conhecida série Why We Fight. Que essa série tenha tido como produtor-executivo justamente o maior colaborador de Capra em roteiros, Robert Riskin, torna tudo ainda mais curioso. A partir de uma narradora, em boa parte das imagens, de corpo presente, a atriz Ingrid Bergman, que vivia o auge de seu estrelato hollywoodiano (anos depois hostilizada por sua união com o diretor italiano Roberto Rossellini e mudança para a Itália), que surge na poltrona do que sugere ser sua residência e passa a narrar sobre a importância da comunidade sueca na formação e manutenção dos Estados Unidos, na linha da diversidade que agrega. Desde a chegada dos pioneiros até os motivos religiosos da celebração de uma missa, em que a atriz também se encontra presente (e, na imagem talvez mais interessante de todo o curta, quando identificada pela câmera, desvia o seu olhar da lente e baixa levemente a cabeça envergonhada). Que Ingrid efetue uma viagem justamente à Filadélfia não é algo gratuito, pois se pretende reforçar a identificação dos imigrantes suecos e o próprio surgimento da nação americana. Bergman visita o museu sueco e também passeia pelas ruas de pequenas cidades, onde a “conterrânea bem sucedida” se encontra com seus similares anônimos, a varrerem, por exemplo, a calçada em determinado dia e coletivamente. Por outro lado, figuras célebres de origem sueca também são ressaltadas. Seja uma patinadora no gelo virtuosa ou o historiador, romancista e folclorista norte-americano Carl Sandburg. Mesmo reconhecendo sua sutileza e ausência de teor sensacional dos documentários de montagem feérica assinados por Capra, o filme certamente se ressente de características típicas do documentário de sua época, como a ausência de voz das pessoas que Bergman encontra em seu trajeto, incluindo o próprio Sandburg, observado apontando e falando, numa imagem que nada fica a dever a dos homens célebres retratados pelos filmes do Primeiro Cinema. Finda com um comentário de que a “vida pode ser boa hoje e amanhã ainda melhor”, numa tônica que demonstra confiança de espírito e otimismo, algo evocativos de outro realizador que também preferiu evitar o filme de propaganda de guerra convencional, o britânico Humphrey Jennings. Com as diferenças que Jennings filmava de uma Inglaterra bombardeada e possuía uma visão autoral e bem maior talento que o disposto nessa produção. Como naquele, a música pode ser tida como metonímia da comunhão de almas a reforçarem um tecido social nacional sob pressão. Porém, uma vez mais, quando se equipara o final desse curta com o uso que Jennings faz da música em seu Listen to Britain, tem-se a medida do convencionalismo bem mais limitado do recurso nessa produção. United Films para U.S. Office of War Information. 17 minutos e 11 segundos.


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