Filme do Dia: Redenção (1959), Roberto Pires


Redenção - Poster / Capa / Cartaz - Oficial 1

Redenção (Brasil, 1959). Direção: Roberto Pires. Rot. Original: Roberto Pires & Oscar Santana, a partir do argumento de Roberto Pires. Fotografia: Hélio Silva. Música: Alexandre Gnatalli. Montgem: Mario Del Rio. Dir. de arte: Orlando Rego. Com: Geraldo Del Rey, Braga Netto, Maria Caldas, Fred Júnior, Milton Gaúcho, Eloísa Cardoso, Alberto Barreto, Raimundo Andrade, Normand F. Moura, Jackson O. Lemos, José de Matos. 
Em uma fazenda de coqueiros no litoral baiano, Raul (Netto), ainda em liberdade condicional, hospeda, com o parceiro Newton (Del Rey), homem misterioso (Júnior) que chega após ter tido problema com seu táxi. Financeiramente endividados, a dupla vai jogar em um local próximo. Magnolia (Caldas), a namorada de Newton, surge na casa com a notícia que conseguira um empréstimo com seu pai e é tratada com violência pelo estranho que lá se encontra, que tenta mata-la, sendo morto por Raul, que retornava com Newton para a casa naquele momento. Os dois deixam o cadáver na praia, mas são observados quando retornam pelo frentista do posto de gasolina. Rapidamente a polícia descobre o cadáver e a testemunha, chegando o inspetor (Gaúcho) a casa onde se encontra a dupla.
Mesmo que as marcas da recuperação a partir de uma cópia em 16 mm em condições sofríveis permaneça nesse filme dado como perdido por muito tempo, inclusive em uma banda sonora em boa parte inaudível,  a granulação provocada pela transposição somada ao processo de tela panorâmica que o filme originalmente trazia (em Igluscope!) são um belo atrativo de boas vindas. A visível precariedade não só de sua produção, mas de sua própria decupagem algo desajeitada, que não deixa de lhe trazer um charme adicional, não impede que o filme construa bem uma atmosfera de suspense ao início. As cenas de amor na praia entre Del Rey e Caldas são evocativas do célebre beijo tórrido de A Um Passo da Eternidade, mais pelo ângulo que pela intensidade, já que aqui se trata de um ósculo bem mais comportado. Porém, o filme funciona mais como promessa e quando desvela alguns de seus segredos cai na caricatura, como a figura fugida do hospício e seu ataque a mocinha, com direito a uma evocação da montagem paralela griffithneana, em relação a seus salvadores, sendo a morte do vilão ainda mais tosca que sua risada. O mar é quase onipresente. Seu ruído, suas imagens e suas ondas se espraiam pela narrativa quase ao ponto de se sentir sua brisa e o gosto de sal. Há uma estética evocativa do noir bem interessante nessa conjugação que se afasta da névoa e dos casacos de detetive, substituídos pelos motivos tropicais, ainda que não se isente de apresentar um sobretudo pesado vestido justamente pelo vilão ao início. Tal como um noir, o filme faz uso do flashback ao final, para revelar os bastidores do que ocorrera antes e depois do crime perpetrado. Não falta sequer a ondulação na imagem que demarca o principio e o fim do mesmo, como naqueles. Iglu Filmes. 61 minutos.


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