Filme do Dia: Roger e Eu (1989), Michael Moore


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Roger e Eu (Roger and Me, EUA, 1989). Direção e Rot. Original: Michael Moore. Fotografia: Chris Beaver, John Prusak, Kevin Rafferty & Bruce Schermer. Montagem: Jeniffer Beman & Wendey Stanzler.
Moore retorna a sua cidade natal, Flint, para se deter sobre o processo de decadência que a acompanha, após o fechamento das fábricas da General Motors. Seu principal alvo vem a ser Roger Smith, o novo presidente da companhia, que inicia uma nova política de austeridade. Moore, em seu primeiro longa-metragem, mesmo imbuído de fazer de si próprio uma espécie de porta-voz ou paladino de uma justiça para com os desempregados de Flint, que se tornará sua marca registrada nos anos subsequentes, não chega a abusar de tais estratégias como depois. Faz-se uso da ironia, como quando sobrepõe a eletrizante alegria da canção Wouldn´t it be Nice dos Beach Boys com a realidade de terra arrasada que seguiu a onda de desemprego maciça na cidade, que tornou-se vítima de uma forte onda de criminalidade. Ou quando contrapõe o discurso natalino de Roger Smith com as desocupações das residências dos ex-funcionários da General Motors, no qual a realidade das imagens faz parecer a retórica de Smith soar como não mais que vazia e protocolar. Efetivado ao longo de pelo menos três anos e com doações  de simpatizantes, o filme de Moore também já apresenta uma forte carga de ressentimento, trabalhada de um modo evocativo dos dramas moralistas griffithneanos do início do século, como quando apresenta fleumáticas senhoras da elite de Flint jogando golfe e especulando sobre o nível de acomodação dos desempregados ou quando parece querer direcionar toda a sua ira contra  Roger Smith e não tentar compreender o processo em sua forma mais abrangente. Certamente se assim o fizesse não teria a mesma facilidade de criar empatia com o grande público, algo que se demonstraria igualmente uma marca registrada de suas produções. Ao contrário do que ocorre em outras produções suas, Moore tem que se contentar apenas com uma tentativa pseudo-fracassada de confrontamento com o próprio Roger Smith. Para outras figuras “menores” como a cantora Anita Bryant, o ator e garoto propaganda da GM Pat Boone ou a futura miss EUA, Miss Michigan, Moore deixa que suas próprias declarações soem como atestado de comprometimento com o establishment associado a seus interesses particulares – como quando Miss Michigan afirma que não irá dar nenhuma declaração polêmica tendo em vista a proximidade do concurso nacional. Nada muito distante da tentativa de “renascimento” da cidade a partir de empreitadas um tanto alucinadas como a da construção de um hotel de luxo e de um gigantesco parque temático que encerrará suas portas em seis meses. National Film Registry em 1999. Dog Eat Dog Films/Warner Bros. Pictures para Warner Bros. 91 minutos.


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