Filme do Dia: Rebeldia Indomável (1967), Stuart Rosenberg


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Rebeldia Indomável (Cool Hand Luke, EUA, 1967). Direção: Stuart Rosenberg. Rot.Adaptado: Donn Pearce & Frank Pierson, a partir do romance do primeiro. Fotografia: Conrad L. Hall. Música: Lalo Schifrin. Montagem: Sam O’Steen. Dir. de arte: Cary Odell. Cenografia: Fred Price. Figurinos: Howard Shoup. Com: Paul Newman, George Kennedy, J.D.Cannon, Lou Antonio, Robert Drivas, Strother Martin, Jo Van Fleet, Clifton James, Robert Donner, Dennis Hopper, Morgan Woodward.
Sul dos Estados Unidos. Luke (Newman) foi flagrado pela polícia embriagado e destruindo parquímetros. É condenado a uma pena de dois anos numa penitenciária agrícola, onde efetuam trabalhos forçados de cultivo sobre a mira de rifles de capatazes, a quem tem de chamar de chefe e sob a chefia do Capitão (Martin). Torna-se vítima das provocações de Dragline (Kennedy), a quem enfrenta numa luta de boxe e perde, mas não desiste de sempre teimosamente voltar a ficar de pé. Posteriormente, menos afeito a atritos com Dragline, torna-se parceiro desse numa aposta de que conseguiria comer 50 ovos. Luke recebe uma inesperada visita de sua mãe, já bastante enferma, Arlettta (Fleet). Pouco depois recebe uma carta sobre sua morte. O que havia conquistado de respeito dos colegas se esvai quando vem a se submeter as crescentes humilhações após uma tentativa de fuga. Mal sabem que se trata de uma estratégia, juntamente com Dragline, que resultará em tragédia.
Se se trata de algo compreensível que esta produção tenha causado certa espécie quando de seu lançamento, quando uma juventude sedenta por anti-conformismo não conseguia encontrar algo do tipo na produção mainstream hollywoodiana, nada justifica que aborrecida, arrastada e sobrevalorizada como é, dirigida por um cineasta do qual aparentemente nada mais é digno verdadeiramente de nota, consiga se manter em listas populares de quase meio século após seu lançamento. Mais irritante que tudo, coroando as estratégias clichês que são desfiadas uma após outra, é o tom solenemente melodramático que todos os companheiros de cela se afastam de Luke, após ficarem sabendo da morte de sua mãe, deixando que ele expresse sua dor cantando ao banjo. Tudo soa tão fake, empostado e visivelmente manipulativo, seja para emocionar seja para divertir ou ambos, como é o caso da visita da mãe de Luke, vivida por uma Fleet que é a encarnação de um tipo libertário e decadente. Seu estilo visual e desejo de ser algo novo e diferente remete a comparações com outra produção contemporânea de pretensões idênticas, A Sangue Frio, fotografada pelo mesmo Hall. Anos depois, outro filme que capitalizaria em cima de um personagem anti-conformista algo genérico de forma igualmente sentimental e manipulativa seria Um Estranho no Ninho, igualmente ambientado em uma instituição de reclusão. Aqui, ainda mais que no filme de Forman, todos os outros prisioneiros parecem ter como quase única função servirem de coro para o que observam das ações (e do sofrimento que resulta delas) de Luke. Muitos paralelos mais podem ser efetuados com o filme de  Forman que vão de mais genéricos como o final infeliz do personagem que é exaltado por não se dobrar ao “sistema” até mais pontuais, como a explosão de fúria contra à figura de repressão, no filme de Forman vivenciado pela enfermeira de Fletcher, aqui pelo capataz Godfrey de Woodward  e em ambos os casos com a tentativa de estrangulamento. Newman refaz os cacoetes habituais de um homem durão, mas sensível, que já havia emprestado a  vários de seus personagens. Em sua via crucis não falta sequer um momento em que é observado, após a maratona dos ovos, como que crucificado. Como boa parte do elenco, Rosenberg possuía uma carreira na TV, sendo esse seu primeiro filme para o  cinema. É sintomático que a maior parte dos membros da “chain gang” descrita no filme, ou seja, prisioneiros que eram amarrados juntos e habitualmente se movimentavam com bolas de ferro, seja de brancos e não negros como era habitual. National Film Registry em 2005. Jalem Prod. para Warner Bros./Seven Arts. 126 minutos.

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