Filme do Dia: Os Olhos Sem Rosto (1960), Georges Franju



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Os Olhos Sem Rosto (Le Yeux sans Visage, França/Itália, 1960). Direção: Georges Franju. Rot. Adaptado: Pierre Boileau, Pierre Gascar, Thomas Narcejac, Claude Sautet & Jean Redon, baseado em romance do último. Fotografia: Eugen Schüfftan. Música: Maurice Jarre. Montagem: Gilbert Natot. Dir. de arte: Auguste Capelier. Figurinos: Marie Martine. Com: Pierre Brasseur, Alida Valli, Juliette Mayniel, Edith Scob, François Guérin, Alexandre Rignault, Béatrice Altariba, Charles Blavette, Claude Brasseur.
Renomado cirurgião, Génessier (Pierre Brasseur), com ajuda de sua assistente, Louise (Valli), retira a pele do rosto de mulheres jovens e belas que se assemelham ao perfil de sua filha, Christiane (Scob), que possui o rosto desfigurado desde um acidente de carro em que o pai dirigia. Dada como morta pelo próprio pai, Christiane é mantida escondida de tudo e de todos até que as inúmeras tentativas movidas pelo pai sejam bem sucedidas. A certo momento, tudo parece funcionar, com o rosto de Edna (Mayniel), uma das mulheres arregimentadas por Louise, ela própria em eterna dívida com o cirurgião desde que teve seu rosto revivido por ele. Em duas semanas, no entanto, um processo de necrose tornou inviável o transplante. Desconfiado de uma ligação feita por Christiane, seu ex-noivo, Jacques (Guérin) vai até o Inspetor de polícia (Claude Brasseur), que utiliza Paulette (Altariba). Génessier consegue se safar do desaparecimento da última, mas não da fúria da própria Christiane que liberta Paulette e os furiosos cães da propriedade, que matam e desfiguram o rosto do próprio pai.
Partindo de alguns elementos do repertório dos filmes de horror, Franju realizou esse notável filme, onde a contenção emocional da forma como tudo é narrado se une a uma direção de atores na medida certa e uma fotografia em p&b magnífica, criando uma atmosfera bizarra, repleta de ironia e humor negro subliminares. Destaque para efeitos expressionistas criados a partir de elementos aparentemente simples como a iluminação, como na seqüência final. É conhecido o talento de Franju para lidar com universos bizarros, extraindo de um romance de ficção popular muito mais do que o original poderia literalmente lhe servir. Algo que ele já havia demonstrado ao conseguir enfrentar poeticamente as cenas escatológicas de seu curta documental O Sangue das Bestas(1949). Ainda que o tema do cientista louco possua longa tradição no próprio universo do cinema, aqui ele também parece evocar as frias experiências realizadas – inclusive notadamente com a pele – pelos cientistas nazi-fascistas. Seu tema seria retrabalhado por A Pele Que Habito (2011), de Almodóvar. Champs-Élysées Productions/Lux Film para Lux. 88 minutos.

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