Filme do Dia: Os Anos JK - Uma Trajetória Política (1980), Sílvio Tendler


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Os Anos JK – Uma Trajetória Política (Brasil, 1980). Direção: Sílvio Tendler. Rot. Original: Cláudio Bojunga, Antônio Paulo Ferraz & Sílvio Tendler. Fotografia: Lúcio Kodato & Zetal Malzoni. Montagem: Francisco Sérgio Moreira & Gilberto Santeiro.
Documentário que acompanha a trajetória política de Juscelino Kubitschek (1902-1976), de sua ascendência tcheca até a morte em acidente automobilístico após um longo exílio do Brasil. Detêm-se, evidentemente, nos anos em que presidiu o país, marcados por seu senso de equilíbrio político que conseguiu dobrar tentativas de desestabilização tanto da direita quanto da esquerda que o perseguiram já desde sua posse. Sua política desenvolvimentista, o senso de empreendimento levado a frente com a construção de Brasília onde antes havia "apenas" florestas, a decepção da esquerda com suas alianças com o capital internacional, sua relação complicada com a política do Fundo Monetário Internacional, que pretendia angariar simpatia em cima de um nacionalismo que se sobrepunha a qualquer compromisso com o sistema financeiro internacional. Sua tentativa de ainda permanecer no espectro político nacional que naufraga a partir dos novos ventos de radicalismo após o golpe militar de 1964.
Primeiro longa-metragem de Tendler e que, juntamente, com o posterior Jango (1984), traça um amplo perfil político do país baseado sobretudo em imagens de arquivo, narração off (aqui na voz de Othon Bastos) e, em menor instância, entrevista com algumas das personagens-chaves do período analisado como o Gen. Lott, Tancredo Neves, Magalhães Pinto, entre muitos outros. O resultado final, torna-se surpreendentemente equilibrado em sua abordagem talvez até involuntariamente – lembrando que ainda se vivia o início do processo de abertura política no país quando de sua realização e que o documentário seguinte já apresenta uma veia manipulativa emocional bem mais evidente. Ainda que se detenha sobretudo no período de JK na presidência, não deixa de ir um tanto além no contexto político que acabaria motivando o golpe militar, ficando a figura de JK secundária nesse momento do filme tal como ficara no espectro político e, praticamente, não tocando no momento em que retorna do exílio com qualquer detalhe. Nesse sentido, acaba utilizando muito do material que voltará a ser utilizado em seu Jango. Seu didatismo e equilíbrio fazem-no permanecer de modo menos datado que outras experiências documentais que buscavam maior inventividade formal e pretensão como o contemporâneo Jânio a 24 Quadros (1981), de Luís Alberto Pereira. Terra Filmes. 110 minutos.


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