The Film Handbook#126: Alan J. Pakula

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Alan J.Pakula
Nascimento: 07/04/1928, Bronx, Nova York, EUA
Morte: 19/11/1998, Long Island, Nova York, EUA
Carreira (como diretor): 1969-1993

Um produtor bem sucedido tornado diretor, Alan Jay Pakula foi um dos mais promissores talentos a emergir em Hollywood nos anos 70, apresentando um olhar apurado e um forte senso de construção do personagem derivado de seu interesse em psicologia. Recentemente, no entanto, sua carreira parece ter entrado em declínio; ainda que seus filmes revelem um talento continuado pela direção de atores, sofrem de ausência de ritmo, tensão e originalidade.

Um veterano estudante de teatro com alguma experiência no departamento de animação da Warner Bros., Pakula fez seu nome como produtor de diversos filmes sensíveis, bem realizados e ocasionalmente pretensiosos  dirigidos por Robert Mulligan entre 1957 e 1968, incluindo Vencendo o Medo/Fear Strikes Out, O Sol é Para Todos/To Kill a Mockingbird, O Preço de um Prazer/Love with the Proper Stranger e A Noite da Emboscada/The Stalking Moon. Em 1969 ele passou à direção com Os Anos Verdes/Pookie (The Sterile Cuckoo), observando calmamente o breve romance de uma colegial com seu companheiro de classe. Ainda mais indicativo dos talentos de Pakula foi Klute, O Passado Condena/Klute>1, no qual a busca de um tímido detetive por uma garota desaparecida leva-o a uma hesitante relação com uma prostituta de luxo de Nova York que se torna, ela própria, a próxima vítima a ser assassinada. Simpático, mas autoconsciente  em seu retrato não sensacionalista do cotidiano da prostituta enquanto análise do voyeurismo ( o assassino enquanto alter-ego do policial) e com  uma narrativa visualmente claustrofóbica da paranoia urbana. Ainda melhor, após o fraco mas bem interpretado Amor e Dor/Love and Pain and the Whole Damned Thing, A Trama/The Parallax View>2 observa a câmera de Pakula explorando a natureza ameaçadora dos grandes espaços vazios: enquanto um jornalista investiga uma série de mortes que segue o assassinato de um político e descobre a existência de uma organização secreta que recruta assassinos psicoticamente inseguros, Pakula emprega composições virtualmente abstratas e uma narrativa artisticamente elíptica para criar um mundo  tanto inquietante quanto estranhamente familiar.

Igualmente inteligente em sua organização visual foi Todos os Homens do Presidente/All the President's Men>3, transformando a história real de dois modestos jornalistas que descobrem a verdade por trás de Watergate em um efetivo filme noir; se o seu final resulta no que pode ser visto como um tributo ao espírito pioneiro da imprensa americana, suas imagens - os dois homens observados do alto e engolfados em círculos concêntricos de uma biblioteca enquanto  laboriosamente buscam por documentos; o informante Garganta Profunda envolto na escuridão sinistra de um estacionamento - sugerindo que a corrupção política se encontrava, na verdade, profundamente enraizada. Menos atraente, ainda que igualmente ambicioso, foi Raízes da Ambição/Comes a Horseman, um western visualmente suntuoso ambientado nos anos 40, no qual o lirismo subjacente dá lugar a um excessivo melodrama gótico.

Desde então, Pakula parece ter perdido seu rumo. Em Encontros e Desencontros/Starting Over, sobre a confusão de um homem seguido a seu divórcio, o elenco equivocado chamou a atenção para uma sensibilidade cômica incerta do diretor; em Amantes e Finanças/Rollover, uma brava incursão em um thriller apocalíptico sobre economia, o jargão financeiro rendeu um roteiro irregular grandemente incompreensível; tanto A Escolha de Sofia/Sophia's Choice, sobre uma refugiada política polonesa incapaz de conseguir vencer o trauma de ter sobrevivido ao Holocausto, e o filme de ação hitchcockiano Sonho Fatal/Dream Lover, sobre uma jovem traumatizada por pesadelos de assassinatos, revelou o crescente interesse de Pakula pela psicologia, mas foram prejudicados, respectivamente, por um ritmo lento que favorecia cada maneirismo de Meryl Streep, e por uma trama fragmentada e implausível.

O sentimental Órfãos/Orphans, adaptado de uma peça teatral, no qual uma dupla de irmãos delinquentes encontra redenção  através de um breve encontro com o pai gangster, somente enfatizava a crescente decadência de Pakula, acelerado pela crescente utilização de material inadequado. No seu melhor, com material relativamente dependente de gêneros de ação na criação de atmosferas por meios puramente visuais, ele claramente demonstrou o potencial de proporcionar entretenimento de rara inteligência; os filmes recentes, no entanto, sugerem um talento mais limitado e variável.

Cronologia
A melhor obra de Pakula revela um sentimento pela paisagem e ambiente aparentada com a de Lang, Antonioni e Boorman. De fato, sua abordagem frequentemente oblíqua sugere que os diretores europeus, mais que os americanos, podem o ter influenciado mais fortemente.

Destaques
1. Klute, O Passado Condena, EUA, 1971 c/Jane Fonda, Donald Sutherland

2. A Trama, EUA, 1974 c/Warren Beatty, Hume Cronyn, William Daniels

3. Todos os Homens do Presidente, EUA, 1976 c/Robert Redford, Dustin Hoffman, Jason Robards

Texto: Andrew, Geoff. The Film Handbook. Londres: Longman, 1989, pp. 210-1.

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