Filme do Dia: Um Dia Muito Especial (1977), Ettore Scola
Um Dia Muito
Especial (Una Giornata Particolare,
Itália/Canadá, 1977) Direção: Ettore Scola. Rot.Original: Maurizio
Costanzo, Ruggero Maccari & Ettore Scola. Fotografia: Pasqualino
De Santis. Música: Armando Trovajoli. Montagem: Raimondo Crociani. Com: Sophia Loren, Marcello Mastroianni, John Vernon, Françoise Berd, Nicole Magny, Patrizia Basso, Antonio
Garibaldi, Alessandra Mussolini.
Mulher de classe média baixa, Antonietta (Loren)
acorda marido e seis filhos, ajuda-os a se arrumarem para o importante dia: o
encontro entre Hitler e Mussolini. Ela não vai porque tem que fazer faxina na
casa. No entanto, seu pássaro de estimação foge e voa para outro bloco.
Antonietta vai até o apartamento de Gabrielle (Mastroianni), e pede-lhe para
usar a janela de seu apartamento para poder recuperar o pássaro. Gabrielle, no
entanto, passa por uma série crise depressiva, e a chegada de Antonietta o
desviou de pensamentos mórbidos. Aliviado e eufórico, oferece-lhe café e uma
brochura de Os Três Mosquiteiros. Um pouco assustada com o nível de intimidade
que Gabrielle lhe dispensa e, ao mesmo tempo, fortemente atraída, Antonietta volta
a seu apartamento. Gabrielle vai até lá,
sob o pretexto de que ela esquecera a brochura e que quer tomar um café. A
faxineira do apartamento (Bered), fofoqueira costumaz, avisa Antonietta que
Gabrielle é um subversivo e efeminado. Locutor de rádio, Gabrielle conta a
Antonietta que fora expulso da rádio porque os fascistas não gostavam da sua
voz. Acompanhando as tarefas domésticas de Antonietta, quando esta retira a
roupa do varal, no teto do apartamento, ele a agarra. Após hesistar, Antonietta
beija-o e confessando sua atração, avança sem encontrar ressistência nem
retorno em suas carícias. Gabrielle lhe conta a verdade sobre sua
homossexualidade, real motivo porque fora mandado embora de seu emprego.
Esbofoteado por Antonietta, ela segue-o transtornada até seu apartamento com
insultos de como ele era ignorante e afirmando a plenos pulmões sua
homossexualidade. Quando retorna ao seu apartamento e prepara uma omelete,
recebe a visita de Antonietta, que pede desculpas pelo acontecido. Diz não se
importar com sua opção. Conta-lhe sobre a indiferença de um marido que a traía
compulsivamente. Acabam fazendo amor. Porém a reunião fascista terminou e as
famílias voltam ao condomínio. Antonietta retorna ao seu apartamento. Enquanto
prepara o jantar, fica de olho na janela do apartamento de Gabrielle. Este,
acaba sendo intimado pela polícia fascista, e retirando-se do apartamento,
enquanto Antonietta esboça uma leitura de Os
Três Mosquiteiros na cozinha.
Aproximando-se mais, em sua forma concentrada, do
conto ou da crônica como eqüivalente literário, assim como da peça teatral
(como na utilização constante do som off que apresenta o discurso
fascista), do que do romance, o filme de Scola se desenrola do começo ao fim no
condomínio onde vivem os protagonistas e em um único dia. Nem por tal motivo se
torna cansativo. Apoiado nas magníficas interpretações de Loren e Mastroianni,
na bela fotografia em tons pastéis de De Santis e na elegante fluidez visual,
consegue ser tocante no retrato de uma mulher que passa a questionar sua
existência a partir de um acontecimento insólito, ainda que a conscientização
se apresente de forma muito rápida para que soe verossímil. Canafox/Compagnia Cinematográfica
Champion. 105 minutos.
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