Filme do Dia: Christus (1916), Giulio Antamoro
Christus (Itália, 1916). Direção:
Giulio Antamoro. Rot. Original: Giulio Antamoro, Ignazio Lupi & Maurice V. Samuel.
Fotografia: Renato Cartoni. Cenografia: Giulio Lambardozzi. Com: Alberto
Pasquali, Amleto Novelli, Leda Gys, Augusto Mastrapietri, Amalia Cataneo, Maria
Caserini, Augusto Poggioli, Renato Visca.
Marco
Antônio promulga edito que bane todos os cristãos de Roma. José e Maria fogem.
Numa morada improvisada recebem a benção de terem como filho Jesus, que é
visitado pelos Reis Magos. Jesus (Visca), desde pequeno, demonstra uma
capacidade de liderança extraordinária. Já adulto (Pasquali), exibe suas capacidades seja como homem piedoso,
acolhendo a difamada Maria Madalena ou mesmo miraculosas, ressuscitando Lázaro,
curando uma princesa egípcia ou caminhando sobre as águas. Sua popularidade passa
a incomodar as autoridades romanas. Ele participa da última ceia com os
apóstolos, antes de na manhã seguinte ser aprisionado. Levado a corte de Pôncio
Pilatos, é condenado em oposição a Barrabás. Vivencia então o flagelo, a
crucifixação e a morte, sendo acompanhado por sua sofrida mãe (Gys). Vem a
ressuscitar do mundo dos mortos, subindo aos céus pouco tempo após.
Uma das
primeiras Paixões de Cristo no formato longa-metragem, o filme de Antamoro torna-se
bem menos sucedido do que a versão norte-americana de alguns anos antes, Da Manjedoura à Cruz, de Sidney Olcott.
De início, o filme parece trair sua filiação menos ao gênero das Paixões do que
aos épicos italianos grandiloquentes, de cenografias estilizadas e fazendo uso
de sobreimpressões ao estilo de Nerone
(1909). Depois, passa a fazer uso crescente de locações, sobretudo no Egito,
período que ganha uma pouco comum referência bastante extensa na biografia de
Jesus, provavelmente para destacar o uso das locações reais diante de
monumentos egípcios como as pirâmides ou a esfinge de Gizé, algo que a produção
de Olcott já acenara. Porém seja o modo que encavala os feitos dramáticos mais
relevantes de seu biografado, de forma pouco orgânica, seja ainda a constante
necessidade de referendar sua óbvia inspiração em quadros célebres de Da Vinci
ou Michelangelo, como a Santa Ceia ou a Pietá, soa demasiado redundante em comparação com a proposta mais
realista, despojada e, inclusive, menos afetada em termos de interpretação, de
Olcott. Aqui, pelo contrário, há um excessivo derramamento e languidez na
figura de Jesus que chega várias vezes ao patético. Do mesmo modo sua
contraposição brusca entre cenários extremamente estilizados e locações soa
menos próxima do filme de Olcott, que de experiências anteriores como Vida e Paixão de Jesus Cristo (1905),
de Zecca. Vencer (2009), de
Bellochio, faz um uso surpreendentemente interessante de suas imagens. Società
Italiana Cines.
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