Filme do Dia: O Maldito (1951), Joseph Losey


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O Maldito (M, EUA , 1951). Direção: Joseph Losey. Rot. Adaptado: Leo Katcher, Norman Reilly Raine & Waldo Salt, a partir do roteiro original de Fritz Lang & Thea Von Harbou. Fotografia: Ernest Lazslo. Música: Michel Michelet. Montagem: Edward Mann. Dir. de arte: Martin Obzina. Cenografia: Edward R. Robinson. Com: David Wayne, Howard Da Silva, Martin Gabel, Luther Adler, Steve Brodie, Raymond Burr, Glenn Anders, Norman Lloyd.

Martin (Wayne), assassino serial de meninas, desperta pânico numa cidade. A polícia se sente cada dia mais pressionada em encontrar o autor dos bárbaros crimes, sendo a investigação coordenada pelo Comissário Carney (Da Silva). Ao mesmo tempo, o líder do mundo criminal, Charlie Marshall (Gabel) se sente na obrigação de capturar o assassino, pois as constantes batidas policiais em áreas onde ocorrem muitas das operações ilegais de Marshall, atrapalham seu lucro. Marshall então arregimenta toda a extensa e variada rede de contatos que vai de motoristas de táxi a vendedores ambulantes, de desocupados a membros da sua própria gangue. Enquanto a polícia chega a residência do criminoso, descobrindo lá os calçados das vítimas, Martin, com mais uma potencial vítima, é reconhecido pelo cego que lhe havia vendido um balão. A partir daí, acuado, foge para um prédio semi-deserto, que é invadido por Marshall e seus homens. Encontrado, Martin, após ser espancado, torna-se objeto de um julgamento improvisado, com direito a um advogado de defesa alcóolatra (Adler), que é morto por Marshall, no exato momento em que a polícia chega.

Duas décadas após o filme de Lang, Losey desloca a ação para os Estados Unidos contemporâneos, com evidente intuito de comentar subliminarmente o clima de paranoia gerada pelo Macarthismo que fará com que o próprio cineasta parta para a Inglaterra. O filme, contudo, não apenas não apresenta inovações com relação ao clássico alemão, como tampouco consegue atualizar, em termos estéticos, muito do que havia de interessante na produção anterior, do uso imaginativo do som a virtuosa montagem, da iluminação anti-realista que servia ao tom fabular da narrativa a interpretação inesquecível de Lorre. Mesmo que de uma maneira geral seguindo a trama anterior, aqui o próprio acusado não faz o seu discurso final em que critica justamente a hipocrisia da sociedade que encontra nele o bode expiatório para todos os seus erros e tal mudança – o discurso que vem a ser esboçado timidamente pelo advogado de defesa tampouco possui o tom de questionar a sociedade constituída – como naquele. Trata-se de uma mudança significativa e que tem como provável motivação principal a rígida moral instituída pela censura norte-americana e que atenua o que poderia haver de mais virulento em sua crítica contra o clima de paranoia vivido por boa parte de Hollywood então. Jim Backus, mais conhecido como a voz de Mr. Magoo, é um dos coadjuvantes. Salt, mais conhecido por suas posteriores contribuições em filmes como Perdidos na Noite (1969), Serpico (1973), O Dia do Gafanhoto (1975) e Amargo Regresso (1978), um dos nomes mais visados pelo anti-comunismo, foi um dos roteiristas.  Superior Pictures para Columbia Pictures. 86 minutos.

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