Filme do Dia: A Bola Negra (1913), Franz Hofer

Die schwarze Kugel oder Die geheimnisvollen Schwestern Poster

Bola Negra (Die Schwarze Kugel oder Die Geheimnisvollen Schwestern,  Alemanha, 1913). Direção e Rot. Original: Franz Hofer. Com: Paul Meffert, Mia Cordes, Manny Ziener, Ernest Pittschau.
Duas irmãs, Violetta (Ziener) e Edith (Cordes), juram nunca mais casar, depois do suicídio de uma terceira irmã por amor a um nobre. As irmãs planejam vingança. Elas se apresentam em um número de vaudeville e despertam a admiração do Visconde Giron (Meffert), que havia sido a causa da ruína da irmã morta. Uma das irmãs, no entanto, apaixona-se pelo Visconde.

Esse filme de Hofer se torna impressionante pela dinâmica visual que consegue dar conta de sua movimentada narrativa, tornando-se talvez mais cinematográfico  do que a maior parte da produção contemporânea (incluindo Griffith). Dada a natureza investigativa e de perseguição que acomete a maior parte do filme, percebe-se a fluência com que Hofer insere planos de destaque que sublinham elementos  e informações importantes da narrativa como o livro no qual o Visconde guarda uma foto da irmã morta ou os mecanismos que dão acesso a passagens secretas em sua residência. Já a seqüência final de perseguição, com direito a visão panorâmica do ambiente urbano ao fundo no qual a trama se desenrola, é impressionantemente bem acabada e moderna, tendo direito inclusive a soluções visuais bastante originais como o plano que enquadra a clarabóia por onde descerá uma das heroínas. Ou o momento no qual essa divide o quadro com um de seus perseguidores pendurado em um guindaste. De um modo geral, destacam-se os planos que recortam detalhes da ação em movimento a partir de ângulos mais fechados. O olhar aqui ganha uma relevância extraordinária, seja enquanto duplicação do objeto do desejo – os planos que apresentam a perspectiva do Visconde observando a apresentação das irmãs – ou enquanto meio privilegiado para a obtenção da verdade. No último caso quando uma das heroínas espiona e fica ciente das passagens secretas e da foto da irmã ou quando o Visconde observa por um furo que ele próprio faz o camarim das irmãs e descobre a real identidade delas. Algumas vezes esse plano-dublê do olhar dos personagem do Visconde chega a favorecer o uso da máscara na imagem.  Hofer, sem dúvida,  mesmo recém-estreante, possui maestria no modo como organiza visualmente seu enredo, seja no modo como emoldura sua imagem a partir de portas ou janelas, duplica o momento de tristeza  de uma das protagonistas através do espelho ou traz alguns planos bastantes próximos dos atores ou fazendo com que eles se desloquem para a câmera, a determinado momento, num efeito próximo do provocado pelo uso da Dolly. O fato de iniciar e finalizar com a imagem das duas irmãs em situação de cumplicidade praticamente perversa garante uma dimensão cíclica. Essa versão foi restaurada em 1991. LUNA Filmes GmbH. 34 minutos.

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