Filme do Dia: Não é o Homossexual Que é Perverso, mas a Situação em Que Ele Vive (1971), Rosa von Praunheim



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Não é o Homossexual Que é Perverso, mas a Situação em Que Ele Vive (Nicht der Homosexuelle Ist Pervers, Sondern Die Situation, In Der er Lebt, Al. Ocidental, 1971). Direção: Rosa von Praunheim. Rot. Original: Martin Dannecker, Sigurd Wurl & Rosa von Praunheim. Fotografia: Robert van Ackeren & Rosa von Praunheim. Montagem: Jean-Claude Piroué. Com: Berryt Bohlen, Bernd Feuerhelm, Ernst Kuchling, Norbert Losch, Steven Adamczewski, Dietmar Kracht, Manfred Salzgeber.

Essa incursão corajosa e pioneira de von Praunheim no campo de uma discussão aberta sobre a “problemática” da homossexualidade masculina no mundo contemporâneo ocidental é prejudicada por duas questões básicas. A primeira, que diz respeito a própria construção do filme, apresentando várias situações com narrações de vozes que se sobrepõem a imagem, seja para emular diálogos, seja para efetuar comentários de viés sociológico e generalista, seja  um “comentário interno” ao grupo. O resultado é semelhante a um documentário encenado, por vezes cansativo. A segunda, e talvez mais difícil de ser defendida, é a disjunção entre uma das vozes, sempre negativa em relação a toda forma de conduta ou padrão homossexual, observado como narcisista, destituído de verdadeira lealdade, procrastinador e negador de si próprio, observando no outro a figura de sua própria “fraqueza” ou, quando velho, sentido-se em crescente isolamento, vítima da violência,  etc. e um longo plano final que se contrapõe a tudo que havia sido apresentado anteriormente pelos narradores, apresentando um grupo de gays reunidos que afirmam a necessidade de sua união nos termos do movimento feminista e negro, de positivação e publicitação de si e de sua condição. A voz over seria a expressão menos de uma “verdade” como aparenta ser, mas de uma situação transitória e social que pode ser transformada pela “tomada de consciência” sugerida ao final? Caso seja, tal relação não se encontra elaborada de forma a assim ser compreendida. Destaque para a longa sequencia do encontro de motoqueiros no parque, um raro momento em que a voz over se omite por vários minutos, quase como que a ressaltar o fato de se tratar de aproximações sexuais em que os ritos e gestuais se sobrepõem à dimensão da fala, sendo o fetichismo associado ao vestuário e a relação perversa e algo fascista posteriormente  explicitada pelo retorno do comentarista evocativo de questões apresentadas, a seu modo (apenas imagem e som) por Scorpio Rising (1964), de Kenneth Anger. Bavaria Atelier/WDR. 67 minutos.

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