Filme do Dia: Hombre (1967), Martin Ritt


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Hombre ( Hombre, EUA, 1967). Direção:  Martin Ritt. Rot. Adaptado: Harriet Frank Jr.& Irving Ravetch, baseado no romance de Elmore Leonard. Fotografia: James Wong Howe. Música: David Rose. Montagem: Frank Bracht. Com:  Paul Newman,  Fredric March , Richard Boone, Diane Cilento, Cameron Mitchell,  Barbara Rush,  Martin Balsam, Skip Ward,  Frank Silvera,  Peter Lazer,   Margaret Blye,  David Canary, Val Avery, Larry Ward.
            John Russell (Newman), semi-aculturado após uma vida entre os índios, retorna à cidade para receber a herança de seu pai falecido: uma casa, onde atualmente mora Jessie (Cilento). Jessie, que não consegue sensibilizar Russell para continuar com sua pensão, procura se casar com o xerife Frank Braden (Mitchell), que lhe recusa, dizendo que faz um favor por assim agir. Na pensão de Jessie se alojam, no momento, um jovem casal que vive às turras, Doris (Blye) e Lee (Lazer). A aristocrata Audra Faver (Rush), juntamente com seu marido, Alexander (March), pretendem abandonar à cidade a qualquer custo. Eles desarticulam todas as obstruções de impossibilidade de viajarem postas por Mendez (Balsam), que se torna  o cocheiro. Aproveitam para também abandonar a cidade Russell, Jessie, o jovem casal, assim como um soldado (Ward). De última hora, no entanto, o soldado é impedido de viajar pela ameaça iminente de ser baleado pelo valentão Cicero Grimes (Boone). Todos embarcam e logo os pequenos conflitos surgem e, sob a pressão de Audra Faver, Russell pretende viajar na boléia, por se mostrar favorável à causa índigena, além de retrucar grosseiramente que se Faver estivesse morrendo de fome ela comeria até cachorro. Quando indagado por esta se já comera cachorro na sua vida, ele retruca que já vivera como cachorro um bom tempo. Quando param para descansar, a jovem Doris se insinua para Grimes, que finge que vai estuprá-la, humilhando- a. Logo, a carruagem é abordada por pistoleiros de um grupo que Grimes lidera, e de que também faz parte, para grande decepção de Jessie,  o xerife Braden. Eles levam a mulher de Faver. Indignados, todos são agora liderados, a contragosto, por Russell, o único que conhece a geografia da região e que também reagiu contra os ladrões, matando dois deles. Em emboscada, à espreita de Grimes e seu bando, Russell e Mendez apenas conseguem ferir um mexicano do grupo (Silvera). Este, logo vem com um pedido do líder para que Ada Faver seja trocada pelo dinheiro, agora nas mãos de Russell. Este afirma que pouco se importa com o destino da mulher. Isolado e sedento, o grupo - após  Alexander Faver ter sido expulso por Russell, por pretender fugir com toda a munição - chega a uma vila abandonada. Alexander volta a fazer parte do grupo, após os apelos de Jessie. Logo, no entanto, o grupo de Cicero Grimes chega ao local. Após levar um tiro quando subira até a casa para negociar com Rusell, Grimes permanece ferido, enquanto o mexicano amarra Ada Faver e a deixa no sol o dia inteiro. Após muita insistência de Jessie, e de Russell alertar a todos que quem descer será certamente morto, Jessie se dispõe a tarefa. Russell, de última hora, desce em seu lugar. Após libertar Ada Faver troca tiros com Grimes e o mexicano, morrendo todos os três.
Cowboy psicológico que curiosamente não procura disfarçar que na realidade, trata muito mais de temas que afetavam a sociedade americana nos anos 60. Ou pelo menos essa é a impressão que fica em retrospecto. A cena em que o jovem casal discute na hospedaria parece - pelo tom de voz e argumentação da moça e pelo conformismo do rapaz - ser diretamente proveniente de um drama contemporâneo ambientado na classe média novaiorquina. O mesmo no que diz respeito a feminista Jessie e as preocupações com os índios  de Rusell. Ou ainda os conflitos de classe entre Russell e o sr. Faver. Ritt se inclui entre os liberais que solaparam certas convenções do gênero nos anos 60 e 70 como é o caso ainda mais evidente de O Pequeno Grande Homem (1970) de Penn e B.Bill e os Indios (1973) de Altman, como já antes, em registro diverso e mais grave, fizera-o o mestre do gênero John Ford, com seu Crepúsculo de uma Raça (1964). Porém mesmo com  esses elementos inovadores, o filme não abre mão de certos clichês como o do herói branco e macho adulto no comando - sendo reservados aos velhos, mulheres e imaturos (como o jovem Lee) um papel secundário.  Assim como apesar de apresentar Russell como herói-martir, caracteriza-o também, graças a influência da cultura índia, como presa de um impulso traiçoiero e irracional, seja para lidar com ações estratégicas (atira em Grimes no meio da negociação), infantilmente rancoroso (não pretende ajudar Ada Fever porque ainda se ressente da forma que ela o esnobara na carruagem) e não humanitário, já que não quer que ninguém auxilie Alexander Fever quando esse chega próximo de desmaiar de sede, recebendo desse como lição que “os brancos se ajudam. Você vai aprender isso.”  Embora essa transposição dos valores morais da sociedade americana em momento vital de reinvindicação e construção de direitos civis para o cenário do western seja interessante, para não dizer cômica em certos momentos, e paradoxal, já que tal transposição é feita para uma narrativa que ainda permanece grandemente presa ao que há de mais ortodoxo no gênero,  o efeito evidentemente moralizador, que cai como uma luva em um gênero moral por excelência como o western, finda por ser aborrecedor. A construção dramática dos conflitos na carruagem remete ao clássico No Tempo das Diligências (1939) de John Ford, enquanto a fotografia do mestre Howe parece evocar a atmosfera daqueles livrinhos de cowboy populares das bancas de jornais. 20th Century-Fox. 111 minutos.

Comentários

  1. VOCÊ não entendeu nada desse filme. Nem vou discutir (nem merece).

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  2. Que pena! Acho que a discussão é sempre interessante...e que bom que você tenha compreendido melhor o filme que eu!

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