Filme do Dia: Riocorrente (2013), Paulo Sacramento
Riocorrente (Brasil, 2013).
Direção e Rot. Original: Paulo Sacramento. Fotografia: Aloysio Raulino. Música:
Paulo Beto. Montagem: Idê Lacreta & Paulo Sacramento. Dir. de arte: Akira
Goto. Com: Roberto Audio, Simone
Iliescu, Lee Taylor, Vinícius dos Anjos.
Renata
(Iliescu) se divide entre dois amantes, Marcelo (Audio), sofisticado jornalista
e crítico cultural e Carlos (Taylor), experiente arrombador e ladrão de
automóveis, pai do garoto negro Exu (dos Anjos), a quem ocasionalmente chama
para andar com ele de moto. Após uma briga fenomenal que sinaliza para o fim da relação entre
Marcelo e Renata, essa assiste uma apresentação musical, Marcelo dirige seu
carro após ter chorado e Carlos arromba o apartamento de Renata, destruindo
objetos e pichando a parede. Posteriormente pede um carro emprestado a um
colega de oficina e parte com Exu para os arredores de São Paulo.
Esse
que é o seu primeiro filme em dez anos e
primeira incursão ficcional de Sacramento, mais conhecido como montador (de,
entre outros, Quanto Vale ou é Por Quilo? e Cronicamente Inviável,
ambos de Sérgio Bianchi) padece de vários males que parecem todos, canalizar em
direção a uma pretensão grandiloquente de tentar expressar algo sobre a
realidade contemporânea brasileira a partir de seus duplamente frágeis
personagens – frágeis eles próprios na existência do universo ficcional mas
ainda bem pior, frágeis enquanto elaboração ficcional: tão frágeis quanto seus
insípidos nomes, que de forma alguma parecem derivar de um mundo real nem
tampouco sinalizarem para nenhuma elaboração solidamente alegórica sobre o
mesmo. O que resta soa mais como projeções errantes de ideias que não parecem
ter ido além do roteiro, tornando-se completamente opacas quando efetivamente
encenadas. Assim, de nada adianta ângulos interessantes como o que colhe a
briga final entre Marcelo e Renata de longe da janela de seu apartamento ou as
boas trucagens visuais que transformam Carlos numa tocha humana ou o Tietê se
transformar em um fogo só ao final, tal como uma tocha olímpica, quando a
contraparte disso, em termos dramáticos, soa anêmica, esvaziada de qualquer
sopro de vitalidade, clichê. Como é o caso do próprio enfrentamento final de
Marcelo e Renata –vivida com garra, diga-se de passagem, por Iliescu. Soçobra pretensão e um exagero excessivo do
subjetivo reverberado de forma demasiado literal e crua em imagens, correndo-se
o risco de resvalar para o humor involuntário tal como o contemporâneo,
irregular, mas ainda melhor Boa Sorte,
Meu Amor. Olhos de Cão/Saracura/Tc Filmes. 79 minutos.
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