Filme do Dia: O Amor Nasceu em Paris (1952), Mervin LeRoy
O
Amor Nasceu em Paris (Lovely to Look At, EUA, 1952). Direção: Mervin LeRoy. Rot.Adaptado: George Wells, Harry
Ruby & Andrew Solt a partir do romance Gowns by Roberta, de Alice Duer Miller e da peça Roberta de Dorothy Fields & Otto A. Harbach. Fotografia: George J. Folsey.
Música: Carmen Dragon. Montagem: John McSweeney Jr. Dir. de arte: Cedric
Gibbons & Gabriel Scognamillo. Cenografia: Jack D. Moore & Edwin B. Willis. Figurinos:
Adrian. Com: Kathryn Grayson, Red Skelton, Howard Keel, Marge Champion, Gower
Champion, Ann Miller, Zsa Zsa Gabor, Kurt Kazsnar, Marcel Dalio.
Al Marsh (Skelton), Tony Naylor (Keel) e Jerry Ralby (Gower Champion)
são produtores da Broadway que não conseguem financiamento para seu novo
espetáculo. A situação muda de figura quando
Al recebe uma carta dizendo que sua tia falecida Roberta, lhe deixou uma
herança em Paris. Bubbles (Miller) decide bancar a passagem dos rapazes. O trio
parte sonhando com fortuna e a produção assegurada de não apenas um, mas vários
musicais. A realidade não é tão simples. A casa de alta costura, comandada
agora por Stephanie (Grayson) e Clarisse (Marge Champion), adotadas pela tia de
Al, não se encontra exatamente em boa situação financeira. Jerry se sente atraído de imediato por
Stephanie. Al e Tony por Stephanie. Porém Bubbles chega e uma situação de
tensão se cria entre ela e
Stephanie.
Nos anos em que o musical vivia seu apogeu não se pode dizer que esse
seja um filme marcante do gênero. Pegando carona provavelmente no sucesso de Sinfonia de Paris, lançado no ano anterior, Hollywood mais uma vez explora a Europa de
forma um tanto quanto condescendente. Se não chega ao cúmulo do que a versão não
musical da Europa produzida por Hollywood efetuou nas comédias românticas
escapistas dirigidas por Negulesco na mesma época e com as mesmas cores berrantes
do tecnicolor, aqui se tem um grupo de americanos que não apenas desperta uma
libido adormecida muito mais crível entre garotas da província que de mulheres
que circulavam no universo da alta costura parisiense e também salvam seus
negócios através de uma criatividade que tem como sinônimo inovação e cuja
tradição evocada pelas irmãs é sinônimo de mofo. Porém, praticamente tudo, do
roteiro anêmico às interpretações passando pela versão semi-lírica de Smoking Gets Into Your Eyes e as coreografias (assinadas pelo mesmo Hermes Pan que já havia
prestado seus serviços para a Fox, inclusive em musicais com Carmen Miranda,
assim como para todos os da dupla Ginger & Fred) soa pouco
vibrante. Quando se espera que a tão falada saída financeira para os dois
núcleos, americano e francês, que pretende unir música e moda, seja algo
surpreendente, o adjetivo só vale se for no sentido negativo, pois se trata de
uma (demasiada) longa sequencia (dirigida por Vincente Minnelli, ainda que não
creditada) em que a dança ganha primeiro plano e só ao final Grayson canta. E
mesmo a proeminência da dança é dividida com um desfile de modas, não havendo,
como se esperava, exatamente uma integração de ambos. Uma das poucas exceções é
o número em que Jerry seduz Clarisse e de um ambiente de restaurante se passa,
de forma virtualmente imperceptível para um céu estilizado de estrelas em que
somente o casal existe. Uma versão da peça já havia sido tema de musical
hollywoodiano, aparentemente com melhor resultado, enquanto veículo para
Ginger&Fred. Se o título original pode servir como comentário que pretende
valer para o próprio luxo visual típico dos produtos do estúdio, o resultado
final deixa a desejar. Da mesma forma que para muitos brasileiros a utilização
de Carmen Miranda por Hollywood mexia com os brios nacionalistas o que não
diriam os franceses de uma mísera ponta como caricato camareiro? MGM. 103
minutos.
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