Filme do Dia: Fermo con le Mani! (1937), Gero Zambuto
Fermo con le Mani! (Itália, 1937). Direção:
Gero Zambuto. Rot. Adaptado: Guglielmo Gianini & Gero Zambuto, a partir da
obra de Guglielmo Giannini. Fotografia: Otello Martelli. Música: Umberto Mancini.
Montagem: Giacinto Solito. Cenografia:
Nino Macarones & Antonio Valente. Com: Totó, Erszi Paal, Franco
Coop, Tina Pica, Oreste Bilancia, Miranda Bonansea, Erminio D’Olivo, Alfredo
Martinelli.
Sem moradia, desde
que sua residência improvisada foi posta a baixo enquanto ele fazia a barba,
Totó consegue literalmente fisgar um almoço e quando encontra um local seguro
para degustá-lo, encontra uma criança (Bonansea), vítima de maus tratos. Totó
passa a cuidar da garota. Ele agora trabalha numa casa de massagistas e se
finge de uma para atender uma estrela do teatro de revista, Eva (Paal). O noivo
da estrela (Coop) faz um trato para que Totó se faça passar por janota. Esse se
entusiasma e ganha a admiração da estrela. Porém, a realidade se torna premente
e Totó se contenta com um emprego no teatro de revistas onde a estrela se
apresenta. Quando o maestro (D’Olivo) tem um acesso de fúria e abandona o
espetáculo, Totó o substitui com grande sucesso e fica sabendo, ao mesmo tempo,
que é herdeiro de uma imensa fortuna.
Talvez o que mais
resida de interessante, para além das inúmeras limitações e acomodações aos
cacoetes típicos de seu gênero, seja a evidente influência do cinema
norte-americano e – sobretudo – a desenvoltura com que Totó camaleonicamente se
transforma de classe social, de talentos
profissionais e de gênero. Com relação a
primeira característica, é mais do que explícita a influência de Chaplin na
composição do personagem do vagabundo vivenciada por Totó, aonde os trejeitos
típicos a pantomima muda se somam toda a sua virtuosidade no manuseio com os
próprios músculos, movendo por exemplo o couro cabeludo de forma impressionante
ou imitando um pássaro como uma das primeiras atividades matinais. Para que não
reste qualquer dúvida, a própria forma de se vestir, assim como situações
claramente evocativas – a garota adotada pelo vagabundo, cópia de Shirley
Temple, é uma referência a O Garoto,
a cena em que Totó é surpreendido fazendo a barba se assemelha a do vagabundo
flagrado na inauguração do monumento em Luzes
da Cidade – como até mesmo a forma desajeitada de caminhar e correr, com as
pernas arqueadas, testemunhas de uma influência que seria diluída na carreira
progressiva do ator, aqui em seu primeiro filme. Alguns elementos estilísticos
como o longo plano-seqüência de quase três minutos que abre o filme e o fluente
trabalho de câmera poderiam sugerir valores cinematográficos próprios, mas
todos eles acabam, em última instância, servindo como veículo para as
peripécias de seu protagonista, ele próprio uma figura herdeira do teatro de
revistas ao qual o filme faz constante menção, através de um enredo pífio
costurado nos moldes dos musicais hollywoodianos, mas que não passa de uma
cópia anêmica dos mesmos, no que diz respeito a coreografia e números musicais,
exceção feita a surreal escada de um clube noturno grã-fino, que proporciona um
momento de composição visual inspirada, novamente com Totó em cena. Destaque
para o momento, nada sutil, em que Totó não cabe em si ao observar o corpo nu
de Eva e do qual o espectador, evidentemente, somente tem acesso as reações
dele. Titanus. 73 minutos.
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