Filme do Dia: Páginas da Vida (1952), Henry Hathaway, Howard Hawks, Henry King, Henry Koster & Jean Negulesco
Páginas da Vida
(O. Henry´s Full House, EUA, 1952). Direção: Henry Hathaway (The Clarion Call), Howard Hawks (The Ramson of
Red Chief), Henry King (The Gift of the Magi), Henry Koster (The Cop and the
Anthem), Jean Negulesco (The Last Leaf). Rot. Adaptado: Richard L. Breen (The
Clarion Call), Walter Bullock (The Gift of Magi), Ben Hecth, Nunnally Johnson,
Charles Lederer (The Ramson of Red Chief), Ivan Goff & Ben Roberts (The
Last Leaf), Lamar Trotti (The Cop and the Anthem). Fotografia: Llioyd Ahem,
Lucien Ballard, Milton R. Krasner & Joseph MacDonald. Montagem: Nick
DeMaggio, Barbara McLean & William B. Murphy. Dir. De arte: Chester Gore,
Addison Hehr, Richard Irvine, Lyle R. Wheeler & Joseph C. Wright.
Cenografia: Claude E. Carpenter, Thomas Little, Bruce MacDonald & Fred J.
Rode. Figurines: Edward Stevenson. Com: Charles Laughton, David Wayne, Marilyn
Monroe, Dale Robertson, Richard Widmark, Anne Baxter, Jean Peters, Gregory
Ratoff, Fred Allen, Oscar Levant, Lee Aaker, Jeanne Crain, Farley Granger.
The Cop and the Anthem. Um malandro (Laughton) consegue se sair
de diversas situações através de sua empáfia, ao lado de seu fiel escudeiro
(Wayne). Assim, consegue roubar um guarda-chuva simplesmente o tirando das mãos
de um homem e alegando ser seu, provocar um tumulto quebrando vidraças,
encantar uma prostituta (Monroe) ao chamá-la de dama e almoçar em um
restaurante chique sem pagar. Acaba sendo preso, quando menos ele espera, por
se encontrar próximo de uma igreja. The
Clarion Call. Um policial
(Robertson) se empenha em prender um assassino (Widmark) que havia sido seu
colega no passado e a quem deve dinheiro.
The Last Leaf. Garota (Peters)
abandonada por seu amor sofre uma crise de pneumonia, sendo acolhida por um
artista excêntrico (Ratoff) e cuidada pela irmã (Baxter). Ela acredita que
morrerá quando cair a última folha de uma árvore que observa pela janela. The Ramson of RedChief. Dois homens da
cidade mal intencionados (Brown e Levant) se dirigem a um povoado caipira com o
intuito de sequestrar uma criança e faturarem com o resgate. O garoto
sequestrado, J.B. (Aaker), os deixa rapidamente em polvorosa. The Gift of Magi. Tendo se conhecido há
um ano, jovem (Granger) e sua esposa (Crain) decidem fazer sacrifícios para
presentearem um ao outro na noite de natal.
Essa foi uma das primeiras tentativas, senão a primeira, de
efetivar um filme coletivo em sketches pelos americanos, algo que já havia sido
efetivado pelos britânicos desde meados da década anterior e que se tornaria
uma coqueluche sobretudo na Itália. Como a maior parte das produções do gênero,
no entanto, os episódios soam menos interessantes que a média das produções
assinadas pelos mesmos realizadores. De uma maneira geral, pode-se afirmar que
os curtas que procuraram apostar na ironia ou na ausência de sentimentalismo
foram os que melhores resistiram ao tempo. É o caso sobretudo, talvez, do
episódio com Laughton, que parece trair a consciência da tradição de tipos
semelhantes do cinema como Chaplin ou o Boudu Salvo das Águas de Renoir ou ainda o que guarda o melhor momento do filme, The Clarion Call, quando Widmark
momentaneamente parece reverter o jogo entre herói e vilão, ainda que o
encaminhamento posterior do filme se oriente para trilhas bem mais previsíveis.
Ou ainda para a singela narrativa do episódio dirigido por Hawks, em que os
adultos se tornam reféns da criança raptada, antecipando o tema de Esqueceram de Mim, assim como uma ironia
com o caipirismo do sul americano no estilo que seria reatualizado pelos Irmãos
Coen. Hawks carrega nas tintas de estereótipos associados com a preguiça, não
descambando no entanto para o racismo que compõe uma animação de Pernalonga
contemporânea que seria posteriormente censurada. Aqui, no entanto, o motivo de “censura” (o
episódio não foi lançado na estréia do filme nas telas) foi o fracasso dele
junto ao público em prévias. Destaque para a dimensão narrativa explícita, já
que todos os episódios são unidos através da presença de comentários iniciais
de John Steinbeck a respeito dos contos de O. Henry, de quem todos são
adaptados, assim como para a ponta encantadora de Monroe. Twentieth Century
-Fox Film Corp. 121 minutos.
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