Filme do Dia: O Clã (2004), Gaël Morel
O Clã (Le Clan, França, 2004). Direção. Gaël Morel. Rot. Original: Christophe Honoré & Gaël Morel. Fotografia: Jean-Max Bernard. Música: Camille Rocailleaux. Montagem: Catherine Schwartz. Dir. de arte: Zé Branco. Com: Nicholas Cazalé, Stéphane Rideau, Thomas Dumerchez, Salim Kechiouche, Bruno Lochet, Vincent Martinez, Jackie Berroyer, Aure Atika.
Marc (Cazalé) vive
com o irmão mais jovem, Olivier (Dumerchez) e o pai (Lochet) em Annecy.
Descendentes de argelinos por parte da mãe, Marc vive intensamente envolvido
com o meio homo-erótico e das drogas. Os traficantes fazem com que ele mate o
próprio cão de estimação e ele acredita que o irmão Christophe (Rideau),
recém-saído da prisão, o irá vingar da humilhação. Porém, esse busca a profissão
de açougueiro e não mais se envolver para a decepção de Marc. Olivier, antes
obcecado pela mãe morta, passa a se interessar pelo amigo Hicham (Kechiouche).
Com uma carreira
como realizador paralela e menos conhecida que a de ator, tendo protagonizado o
notável Rosas Selvagens, esse filme
de Morel é prejudicado por um certo esteticismo homo-erótico “chic”. Fazem
parte da construção dessa estética desde muitas cenas filmadas nas sombras para
atenuar qualquer choque contra imagens mais explícitas quanto a profusão de
torsos nus, as estratégicas tomadas de nudez – numa delas, Cazalé mais parece
protagonizar um comercial de roupa íntima masculina – e a completa ausência de
figuras femininas a não ser as que são evocadas justamente por sua ausência,
como é o caso da mãe morta. Tudo isso fotografado em belas cores pastéis que
não ajudam a criar maior densidade, antes pelo contrário, ao drama retratado, e
desmobilizam qualquer tentativa de maior realismo, e tampouco acrescentam qualquer poesia. Busca certo distanciamento
emocional, com seu corte seco e elíptico, que pouco ajuda na compreensão mais
precisa dos relacionamentos e personagens da narrativa, e o consegue com
relativo sucesso, porém ocasionalmente faz uso de uma pouco inspirada trilha
musical de canções excessivamente melosas enquanto tentativa de representação
do universo íntimo, sobretudono no caso de Olivier. Sépia
Productions/Rhône-Alpes Cinéma/Centre Européen Cinématogrephique
Rhône-Alpes/CRC/Procirep/Angoa-Agicoa para ID Distribution. 90 minutos.
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