Filme do Dia: 8 Mulheres (2002), François Ozon

8 Mulheres (8 Femmes, França, 2002). Direção: François Ozon. Rot. Adaptado: François Ozon & Marina de Van, baseado em peça de Robert Thomas. Fotografia: Jeanne Lapoirie. Música: Krishna Levy. Montagem: Laurence Bawedin. Dir. de arte: Arnaud de Moléron. Figurinos: Pascaline Chavanne. Com: Danielle Darrieux, Catherine Deneauve, Isabelle Huppert, Emanuelle Béart, Fanny Ardant, Virginie Ledoyen, Ludivine Sagnier, Firmine Richard, Dominique Lamure.
    Sete mulheres encontram-se reunidas na casa da matriarca Mamy (Darrieux), quando a empregada Louise (Béart) descobre Marcel (Lamure), o único homem da casa, morto com um faca enfiada em suas costas. Com um inverno rigoroso e os fios do telefone e do carro cortados, todas passam a suspeitar de todas e também de uma nova visitante, Pierrette (Ardant), irmã de Marcel, que retorna a casa após um telefonema que afirma a morte do irmão. Gradualmente todas as histórias secretas vão surgindo. Madame Chanel (Richard), empregada de vários anos, possuía uma obsessão por Pierette que, por sua vez, amava o irmão. Gaby (Deneauve), a viúva, se encontrava de malas prontas para abandonar o marido com um amante que era o mesmo de Pierette. Louise, embora amante do patrão, afirma que concordou trabalhar na casa mais por conta de Gaby.  Augustine (Huppert), é uma solteirona frustrada por nunca ter despertado o desejo do cunhado. Mamy negou a Marcel parte de suas promissórias. Suzon (Ledoyen) havia retornado um dia mais cedo para contar que estava grávida do próprio Marcel, de quem descobrirá não ser seu pai. Catherine (Segnier), a filha mais moça, junta todos os fragmentos e revela todo o “crime”, que gera um suicídio final.
       Adotando explicitamente a paródia dos contos policiais numa estrutura tão rocambolesca quanto a dos folhetins do século XIX, Ozon conseguiu realizar uma comédia trivial. Até mesmo as aclamadas interpretações das atrizes (prêmio conjunto de interpretação feminina no Festival de Berlim) não parecem exigir tanto assim, no sentido de que trabalham com caricaturas, mas que personagens complexas. Sua utilização cômica do elemento musical  – cada uma das oito personagens tem um momento que canta uma música que revela seu estado de espírito – embora tenha grande influência da auto-ironia fassbinderiana em filmes como Roleta Chinesa e As Lágrimas Amargas de Petra von Kant, possui aqui uma dimensão bem mais epidérmica e convencional. Tal elemento, por sinal, já havia sido utilizado em filme anterior de Ozon, Gotas D´Água sobre Pedras Escaldantes, baseado em uma peça inédita de Fassbinder. O esquematismo das situações, que apenas ocorrem tendo como função provocar um pseudo-suspense e o enredo excessivamente rocambolesco acabam por tornar o filme, que o cinesta afirma ser uma homenagem a veterana atriz Darrieux, tão cansativo e banal quanto as frivolidades de seus personagens. À guisa de apresentar cacoetes de autor, como no filme anterior, alguns dos diálogos dos personagens são observados do lado de fora da janela. CNC/Fidélité Productions/France 2 Cinéma/Gimages 5/Le Studio Canal +/Mars Films. 111 minutos.

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