Filme do Dia: Mataharis (2007), Iciár Bollain
Mataharis (Espanha, 2007). Direção: Icíar
Bollain. Rot. Original: Icíar Bollain & Tatiana Rodríguez. Fotografia: Kiko
de La Rica. Música: Lucio Godoy. Montagem: Angel Hernández Zoito. Dir. de arte:
Josune Lasa. Figurinos: Estibaliz Markiegi. Com: Najwa Nimri, Tristán Ulloa,
María Vázquez, Diego Martín, Nuria González, Antonio de la Torre, Fernando
Cayo, Manuel Morón.
Eva (Nimri), Inés
(Vázquez) e Carmen (González) são três mulheres que trabalham em uma agência de
detetives, investigando traições e fraudes, ao mesmo tempo que tem que lidar
com suas vidas domésticas e afetivas tampouco satisfatórias. Eva, após o
nascimento do segundo filho, descobre que o marido, Iñaki (Ulloa), possui um
filho que vai completar dez anos e isso a deixa completamente insegura. Inés, a
mais jovem, tem que se decidir entre levar a frente o serviço sujo de
espionagem que envolve o sindicalista Manuel (Martín), com quem iniciou uma
relação ou perder o emprego e mesmo a carreira que um dia sonhara para si.
Carmen, a mais madura, ao investigar a traição da esposa do amigo Sergio (de la
Torre), põe em xeque seu próprio relacionamento com o marido, há muito tempo
mantido apenas pelo comodismo.
Bollain utiliza a
profissão do trio feminino que protagoniza esse filme apenas como pretexto para,
na verdade, tentar se aproximar delas próprias. Mesmo que a contraparte
masculina, como habitual em filmes sobre mulheres e dirigida por uma, seja um
tanto opaca, possui aqui duas exceções, que inclusive rendem alguns dos
melhores momentos do filme. Sergio, o marido traído, que assiste com
estupefação a esposa se desnudar com o amante na praia e busca consolo na
amizade de Carmen, dançando com ela e buscando um contato corporal que ambos já
não vivenciam a tempos com seus respectivos parceiros. E, principalmente,
Iñaki, que após um longo período de tensão com Eva, emociona-se quando descobre
que sua filha já sabe da existência de um meio-irmão e que sua esposa comprou
uma camisa para o menino – mesmo que o fato de ambos partirem ao final juntos
para tentarem justamente juntar dois viúvos que há décadas não se vêem possa
soar um tanto forçoso. Já o drama ético em que se vê envolvida Inés,
potencialmente o mais vivo e interessante, acaba sendo prejudicado por ter
sido o que menos bem sucedido foi na sua construção da relação afetiva. Aliás,
nesse quesito, curiosamente é a narrativa que menos expressa com palavras o seu
desgaste e onde predomina o silêncio, a vivenciada por Carmen, que a acaba
transformando na personagem mais interessante do filme, o que vem a ser
acentuado pela interpretação afinada de Nuria González. Producciones La Iguana
SL/Sogecine. 100 minutos.
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