Filme do Dia: Nem Tudo é Verdade (1986), Rogério Sganzerla
Nem Tudo
é Verdade (Brasil, 1986). Direção e Rot.
Original: Rogério Sganzerla. Fotografia: Edson Batista, Victor Diniz, Carlos
Ebert, José Medeiros, Edson Santos, Afonso Viana. Montagem: Severino Dadá &
Denise Fontoura. Com: Arrigo Barnabé, Grande Othelo, Helena Ignez, Nina de
Paduá, Mariana de Moraes, Vânia Magalhães, Abrahão Farc, Otávio Terceiro.
Os principais
episódios que envolvem a passagem do cineasta Orson Welles pelo Brasil são
rememorados nesse documentário que mescla as fontes mais diversas para realizar
um painel barroco, que muitas vezes procura reproduzir a ambiguidade entre
farsa e realidade tão presente nos filmes do cineasta. Entre as fontes
utilizadas por Sganzerla existem desde fotografias e filmes de arquivo da
época, entrevistas com contemporâneos da
visita do cineasta, como Grande Othelo e menos ortodoxas como cenas do próprio Cidadão Kane e reconstituições
ficcionais de um folclórico Welles (Barnabé) em entrevistas coletivas ou
chorando o amargor de ver seu projeto fracassado devido a mudança da diretoria
da RKO. Igualmente não podem ser esquecidas as canções (tanto da
época como contemporâneas) que realizam a função de soldar a vertiginosidade de
uma montagem que se caracteriza pelo excesso de informações, ao mesmo tempo que
servem, por vezes, como contraponto irônico do que é apresentado (numa função
semelhante ao que Back fizera em seu Yndios
do Brasil). Mesmo que não explore, em termos ficcionais, o episódio dos
jangadeiros, boa parte das cenas documentais destaca a figura dos pescadores,
sobretudo Jacaré. Inicia e finda com os mesmos letreiros eletrônicos que
pontuam a narrativa de seu Bandido da
Luz Vermelha, de quem o cineasta aproveita muito dos cacoetes utilizados
aqui. No final, Sganzerla comenta que a época da finalização dessa produção
foram descobertos, nos estúdios da Paramount, negativos com trechos do material
filmado pelo cineasta (boa parte viria a formar o documentário É Tudo Verdade), contrapondo-se a
afirmção de Welles de que o material teria sido jogado fora e apenas reforçando
o mote que dá título ao filme. Rogério Sganzerla Produções. 95 minutos.
Comentários
Postar um comentário