Do Blog do Zanin


Se Cyd Charisse foi dona das pernas mais famosas de Hollywood, no cinema nacional esse privilégio coube a Virginia Lane, que morreu ontem, aos 93 anos.
Vinda do teatro rebolado de Carlos Machado e da Rádio Mayrink Veiga, a dançarina e cantora, com seus óbvios atributos, logo se acomodou muito bem ao tipo de cinema que então se fazia no Brasil. Queria-se graça, música e sensualidade. Ela dispunha das três qualidades, sendo que a última superava de muito as outras duas.
Sua presença nas telas garantia o sucesso de filmes (“fitas” se dizia então) como Laranja da China, de Ruy Costa e Carnaval do Fogo, de Watson Macedo. Vivia-se a época das chanchadas e a presença de moças bonitas como Virginia Lane era tão obrigatória quanto os sucessos do último carnaval.
Como nos anos 40 tornou-se a vedete número 1 da Praça Tiradentes, Virginia era presença constante nesses filmes, tendo contracenado em várias comédias com Oscarito e Grande Otelo, os dois maiores artistas do gênero. Ao todo, Virginia Lane participou de 37 produções, sem jamais tentar outro gênero que não aquele em que se movia como peixe n’água.
Sua presença era tão marcante que se tornou figura nacional, antes que as comunicações tivessem o alcance territorial que hoje têm. Na auge do Teatro de Revista, recebeu o título de “A Vedete do Brasil”. Entregue por ninguém menos que Getúlio Vargas, o severo pai da pátria brasileiro.
Anos depois da morte de Getúlio, Virginia revelou em entrevistas o que os íntimos do presidente estavam carecas de saber: fora amante de Getúlio Vargas por mais de dez anos. Frequentava mais o Catete que muito Ministro de Estado.
Luiz Zanin

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