Filme do Dia: Becoming Led Zeppelin (2025), Bernard MacMahon

 


Becoming Led Zeppelin (Reino Unido/EUA, 2025). Direção Bernard MacMahon. Rot. Original Bernard MacMahon & Allison McGourty. Fotografia Vern Moen. Montagem Dan Gitlin. Dir. de arte Tod Ellis & Simon Rogers.

John Paul Jones e Jimmy Page são os mais carismáticos desse documentário a se deter sobre os passos no mundo musical dos integrantes da banda até formarem uma das que seria mais influentes na história do rock. Bonham não é de ser levado em conta, ao menos nesta contabilidade, pois falecido em 1980 e com raras entrevistas, uma delas utilizada ao longo do documentário. Apenas com 40 minutos, e talvez não sem uma certa agonia, por conta da tão detalhada e interessante trajetória pré-fama é que observamos, as primeiras apresentações da banda. Jones, provavelmente o mais carismático dentre todos, desfia a enorme quantidade de músicos com os quais tocou, indo da trilha de 007 ( a célebre Goldfinger, e é ótimo observá-lo comentando de quanto o impressionava os movimentos corporais de Shirley Bassey) a Donovan, passando pelos Rolling Stones, The Kinks e Lulu (inclusive na incorporação do sucesso fílmico Ao Mestre, com Carinho). Numa das imagens mais curiosas de todo o documentário, uma plateia bastante pouco entusiasmada  ou receptiva à banda, se divide entre certa afasia ou por os dedos nos ouvidos (sobretudo crianças) incomodadas com o som. Há outro momento no qual o público ainda ensaia dançar ao som da música psicodélica da época, o que não parece fazer sentido para o som do Zeppelin. Um recurso utilizado com bastante discrição é o dos componentes da banda assistindo as imagens de arquivo, sendo normalmente observados em planos distintos, embora ocasionalmente possa ocorrer o flagrante de ambas as imagens, como Plant assistindo um trecho da apresentação do grupo no Festival de Bath, o primeiro que participaram no país natal, ainda mais reativo que os Estados Unidos a aceitarem sua música – embora a situação tenha mudado consideravelmente após o sucesso do outro lado do Atlântico. Ficamos a imaginar qual será a linha de corte entre se tornar Led Zeppelin como faz crer o título. Poderia até se imaginar ser apenas sobre os preâmbulos da banda, mas aí encontraria o nada entusiasmante enquadramento a deixar de lado os grandes sucessos da banda. O corte vem a ser os dois primeiros álbuns e sobretudo o reconhecimento na Inglaterra – a apresentação no Royal Albert Hall (assistida pelo pai de John Paul Jones) e terem chegado ao topo das paradas, desbancando os Beatles com Abbey Road. Aos fãs não há o que reclamar das doses generosas de apresentações de canções icônicas da banda. E um muito rico material de arquivo, não restrito a material relativo diretamente a banda. É um tanto auspicioso observar na fala calma dos três remanescentes do quarteto, um discurso bastante equilibrado e longe das farpas e do discurso de ódio banalizado nas redes sociais, inclusive entre veteranos do pop. E, sem dúvida alguma, a melhor opção para assisti-lo é em tela grande com boa projeção não apenas da imagem, mas sobretudo sonora. |Paradise Pictures/Big Beach para Sony Pictures Classics. 122 minutos.

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