Filme do Dia: Gatilhos da Violência (1969), Budd Boetticher

 


Gatilhos da Violência (A Time for Dying, EUA, 1969). Direção e Rot. Original  Budd Boetticher. Fotografia Lucien Ballard. Música Harry Betts. Montagem Harry V. Knapp. Dir. de arte A. Leslie Thomas. Cenografia Anthony D. Nealis. Maquiagem e Cabelos Charles Blackman & Joan Phillips. Guarda-Roupa Eddie Armand. Com Richard Lapp, Anne Randall, Robert Random, Beatrice Kay, Victor Jory,  Audie Murphy, Ron Masak, Burt Mustin.

Cass Burning (Lapp) é um jovem e talentoso pistoleiro que, ao fugir com uma garota enganada com promessa de trabalho, que não sabia ser em um bordel, Nellie Winters (Randall), é obrigado a casar-se com ela pelo excêntrico juiz Roy Bean (Jory). Nellie será sequestrada por um bando de foras-da-lei, pouco após Cass ter sido convidado por ninguém menos que Jesse James (Murphy), para se unir ao seu bando.

Seu primeiro plano já diz a que veio. Nosso herói atira contra uma cobra que ameaçava um coelho. Ele é vivido por um rosto bonito de  sorriso canastrão, que provavelmente estaria mais à vontade em um filme de surf, embora tenha sido insistentemente mal elencado em faroestes. A indústria pode ser cruel com muita gente. Com todo seu exagero e populismo, o personagem-tipo vivido por Jory, ator especializado na função, deve ter assustado os jovens com os quais contracena, parecendo ter mais expressividade que os dois juntos. Seria o último filme de um já decadente Murphy, que obteve um sucesso relativamente meteórico durante alguns anos dos 50,  em produções B de nomes como o próprio Boetticher e Jack Arnold, e havia cavado sua fama como herói de guerra antes disso. Talvez até as condições salariais favorecessem, no geral, os atores, nos tempos pós-sistema de estúdios, o que parece improvável no caso de Murphy, vivendo Jesse James em uma ponta, e produtor igualmente deste filme; já os filmes, o que importa de fato na fatura final, pioraram e muito. No que toca ao faroeste, Boetticher  devia se sentir saudoso dos que fizera com Randolph Scott.  Não há economia no zoom na época da feitura desta película, e ela não é exceção, e isto vale para o mais tosco dos filmes sensacionalistas até renomados nomes do cinema autoral, como Visconti. Seu final infeliz pode soar um tanto heterodoxo, mas pode ter sido pensado pelas dificuldades financeiras para levantar fundos para a produção, mas que qualquer instinto iconoclasta, enquanto determinante maior. É demasiado pôr tudo na conta da pouca grana, no entanto, e o seu roteiro é outro caso à parte, com personagens aparecendo e desaparecendo sem maiores explicações. Só foi lançado comercialmente em circuito nacional, por questões legais, associadas a morte de Murphy não muito tempo depois, treze anos após sua realização.  |Etoile Prod./Fipco Prod. 73 minutos.

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