Filme do Dia: O Gato do Rabino (2011), Antoine Delesvaux & Joan Sfarr
O Gato do Rabino (Le Chat du Rabbin, França, 2011). Direção: Antoine Delesvaux &
Joan Sfarr. Rot. Adaptdo: Antoine Delesvaux & Joan Sfarr, a partir das
histórias em quadrinhos de Sfarr. Fotografia: Jérôme Brezillon. Música: Olivier
Daviud. Montagem: Maryline Monthieux. Dir. de arte: Patrice Szwecyk.
Argélia, anos 1920. Um rabino descobre
que o gato da sua filha passou a falar após comer o papagaio da casa. O rabino
parte numa perigosa expedição pela África com seu primo, muçulmano, um alemão
alcóolatra, um russo comunista e o gato, agora não mais falante, a não ser com
o russo. Dentre as aventuras que vivenciam se encontram uma travessia no rio em
meio aos crocodilos e a presença de hipopótamos e girafas, o gato ter sido
picado por um escorpião, indo todo o grupo até uma comunidade radical muçulmana,
cujo líder é relativamente próximo do primo do rabino. Embriagado, o alemão é
ofensivo ao grupo e um duelo ocorre entre ele e um dos melhores homens do
líder, no qual ele mata o rapaz, ganhando certo reconhecimento da liderança,
apenas para seguidamente ser também morto por sua postura arrogante e nada
conciliatória. O gato, já curado, volta a falar e sonha em reencontrar sua
amada dona.
Por mais desinteressante que possa ser
essa animação, co-dirigida e escrita pela autora de cuja fonte foi emprestado o
argumento, tampouco se se pode esquivar de suas limitações. Os traços, a
atmosfera, certa maturidade de lidar com cenas de violência e alusões a
sexualidade, embora distante de qualquer sensacionalismo escatológico, e
tampouco sem aderir a um mundo roséo em que a morte seja tabu – a captura do
papagaio pelo gato logo ao início parece quase uma desforra contra os
impedimentos vivenciados, nesse sentido, por personagens clássicos como Frajola
e Piu-Piu. Une-se a isso a presença de toques de um bem vindo multiculturalismo
tampouco idealizado – diferenças persistem e envolvem, inclusive, duas mortes –
e atmosfera exótica, assim como referências ao universo da literatura (o
personagem russo parece ser uma versão crescida do Pequeno Príncipe de Exupery)
e similares coloniais algo ironizados-homenageados (como Tintin e seu cachorro)
e se tem o que aparenta ser uma produção irrepreensível. Infelizmente não é o
que ocorre, pois pesa quase senão mais fortemente contra tudo o que de positivo
foi elencado um roteiro demasiado fragmentário, que mais parece um enxerto de
várias narrativas diferentes de Sfarr. Falta organicidade, motivação (o
aparecimento e desaparecimento da capacidade de fala do gato) e, pior que tudo,
energia e legítimo senso de humor, sobretudo nos dois terços iniciais. Depois,
mesmo que se sinta um certo crescimento, esse é igualmente atravancado por um
súbito final em aberto, que tampouco possui uma justificativa maior de existência.
Autochenille Prod./TF1 Droits Audiovisuelles/France 3 Cinéma para UGC. 100
minutos.

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