Filme do Dia: Flor de Amor (1920), D.W. Griffith
Flor de Amor (Love Flower,
EUA, 1920). Direção D.W. Griffith. Rot. Adaptado D.W. Griffith, a partir do
conto de Ralph Stock. Fotografia Paul H. Allen & D.W. Griffith. Montagem
James Smith. Com Carol Dempster, Richard Barthelmess, George MacQuarrie, Anders
Randolf, Florence Short, Crauford Kent, Adolph Lestina, William James, Jack
Manning.
Outra vez
casado, Thomas Bevan (Macquarie), possui uma esposa extremamente antipática com
sua amada filha, Stella (Dempster). E que quando ele viaja, o trai com outro
homem (Kent). Quando Bevan, um criado, alerta-o da situação, ele flagra os dois. Na confusão que se segue o
homem é acidentalmente morto. Bevan aprisiona um homem do serviço secreto,
Matthew Crane (Randolf), que fora responsável por sua injusta prisão, e foge
com a filha para os mares do sul. Lá vivem isolados do mundo, com a filha tendo
contato com os nativos apenas para conseguirem víveres. Visitando uma ilha
próxima de bote, Stella conhece Jerry (Barthelmess), homem de uma família de
posses a vivenciar uma aventura. Ele é convencido por Crane a leva-lo até o
local onde moram Bevan e a filha. É aniversário de Bevan e a comemoração que a
filha lhe fez é interrompida pela chegada súbita. Stella fica magoada com
Jerry, pois acredita ser ele um espião que facilitou a captura do pai. Ela
afunda o barco onde eles chegaram e não deixa mais Jerry se aproximar dela,
embora este reiteradamente afirme nada saber sobre a situação. Jerry consegue
convencê-la de que agira de boa fé. Após uma luta próxima de um despenhadeiro,
Crane acredita Bevan ter morrido afogado, sendo seu caso arquivado. Stella se
casa com Sanders e planejam buscar Bevan.
O que mais
surpreende não tem a ver diretamente com sua narrativa e sim com as imagens
documentais do porto em Nassau, demasiado cruas para os torpes arremedos
ficcionais, incluindo o do próprio filme gêmeo deste, se assim pode ser
definido, realizado com boa parte de seu elenco e locações semelhantes, The
Idol Dancer, a fazer uso inclusive de blackface. Como nesta
produção, o personagem de Barthelmess surge como do nada e um encantamento
mútuo é gerado com a heroína. É impressionante o quanto o filme não se importa
que situações a driblar a justiça e que, em última instância, podem provocar a
morte, sejam articuladas pelo eixo do bem. E há, é claro, a dimensão implícita
incestuosa entre pai e filha, a viverem sozinhos e isolados do mundo, quebrada
com o surgimento dele, em um horizonte que apenas comportava contatos
ocasionais e breves com os nativos (e, por extensão, assexuados, dado o tabu da
interdição racial). Embora, para facilitar as coisas, o pai não pareça contrariado,
antes o oposto, quando Stella lhe fala de Jerry. Destaque para a bela imagem do
barco afundando com uma Stella vibrando por seu feito. E também para o momento
em que Stella se rende finalmente ao bom mocismo do herói, em parte com closes
filmados em fundo neutro, recorrentes para acentuar a emoção da mocinha
destacada do mundo (provavelmente em estúdio) se mesclando com externas do
casal se enlaçando. Assim como para as cenas subaquáticas de muito bom padrão
técnico. Várias cartelas se encontram ilegíveis, dificultando a compreensão de
elementos importantes da narrativa, como o fato de Jerry ser de uma família
endinheirada. |D.W. Griffith Prod. para United Artists. 96 minutos.

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