Filme do Dia: Rosa Silvestre (1932), Sun Yu

 


Rosa Silvestre (Ye Mei Gui, China, 1932). Direção: Sun Yu. Fotografia: Xu Singsan. Com: Wang Renmei,  Han Langen, Jin Yan,  Ye Juanjuan, Zhang Zhizhi, Zheng Junli.

Xiao Feng (Renmei) vive a vida livre dos campos. Porém, as dívidas que seu pai possui com um comerciante local, fazem com que o homem ofereça como perdão da dívida que ele venda Xiao para ele. Revoltado, o pai tem uma intensa briga com o homem e termina por assassiná-lo. O fogo logo cobre a moradia, com o cadáver em seu interior. Xiao se torna próxima do artista Jiang (Yan), que anteriormente esnobara. Ela se encontra com o artista, enquanto o pai foge, e é tido como a vítima do incêndio. Quando Xiao retorna, acredita que perdeu o pai e a moradia ao mesmo tempo. Jiang lhe leva à cidade. Xiao recebe um banho de loja ao chegar. A apresentação ao pai e a sociedade local, no entanto, não sai como esperado, e Jiang abandona a família com Xiao. Sem conseguir emplacar a carreira como pintor de quadros, Jiang passa a pintar posters com um amigo, que somado a Xiao e um quarto, todos morando na mesma pousada, passam a andar em conjunto. Vivendo em condições cada vez mais precárias, com um inverno rigoroso, são obrigados a arranjar dinheiro do aluguel o quanto antes. Quando vê uma carteira caída sobre a neve na calçada, Xiao não pensa duas vezes e se apodera dela. Mas o homem logo se dá por conta e grita que fora roubado por ela. Quando Xiao Feng chega contando o que fizera, Jiang e os amigos descem e resolvem se entregar à polícia. Porém, todos se dizem culpados, inclusive alguns transeuntes que passavam e quando o ainda bêbado dono da carteira chega, algo aleatoriamente ele escolhe Jiang e um amigo. Xiao Feng tenta que o pai interceda por Jiang mas não o faz, ao menos não imediatamente. Meses depois, Jiang volta a morar com a família. Ele retorna ao vilarejo de Xiao que, trabalhando em uma fábrica têxtil improvisada, esconde-se dele. Quando a guerra explode, Jiang prefere se alistar no exército que participar da agitada vida social da família. Entre os voluntários descobre os amigos e também Xiao.

O domínio do ritmo narrativo, assim como um excelente tino visual, em que a liberdade com que a câmera passeia pelos campos, corresponde à postura de sua protagonista, chama atenção nesse tardio filme mudo, que é um dos marcos da cinematografia nacional. Sua evocação das alegrias e reveses da vida, através da perspectiva juvenil não deixa de ser tocante, por mais abusiva de clichês que seja. Renmei, aparentemente estreando nessa produção, conquista uma espontaneidade e aderência muito próxima de seu papel. Dois anos após essa produção, o par romântico do filme se casa. Sun Yu se sai bem no registro do melodrama naturalista. Sua saída pelo nacionalismo patriótico ao final, no entanto,  é não apenas forçosa como mal resolvida, no sentido de que justamente o único personagem da elite que se sente perdido é que se junta aos voluntários. E a cena final o apresenta menos em guerra que numa alegre marcha ufana que diz mais sobre o esforço de propaganda de guerra fazendo uso do cinema que de uma guerra de fato. E quando se apresentara anteriormente, durante o encontro que sela a aproximação de Xia de Jiang soa tão ou ainda mais deslocado, em meio a brincadeira infantil – são tempos da invasão japonesa a Manchúria, que não chega a ser explicitamente referida. Lianhua Film Co. 70 minutos.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Filme do Dia: Der Traum des Bildhauers (1907), Johann Schwarzer

Filme do Dia: El Despojo (1960), Antonio Reynoso

Filme do Dia: Quem é a Bruxa? (1949), Friz Freleng