Filme do Dia: Lan Yu (2001), Stanley Kwan

 


Lan Yu (Hong Kong/China, 2001). Direção Stanley Kwan. Rot. Original Jimmy Ngai. Fotografia Yang Tao  & Zhang Jiang. Música Zhang Yadong. Montagem, Dir. de arte e Figurinos William Chang. Com Liu Ye, Hu Jun, Li Shuang, Lu Fang, Su Jin, Zhang Shaohua, Zhang Yongning, Zhao Minfen.

O bem sucedido homem de negócios Chen Handong (Jun), sente-se atraído pelo jovem estudante Lan Yu (Ye), que nunca havia vivenciado nenhuma relação com outro homem. Handong estimula a carreira de Yu, mas não lhe dá provas de querer uma relação estável ou monogâmica – Yu flagra ele com outro homem ao chegar sem avisar em seu apartamento. E, tempos depois, episódio superado, Handong lhe avisa, mesmo tendo comprado um imóvel para o amante, que irá casar com uma mulher, Yonghong (Fang). Extremamente magoado, Lan Yu afasta-se dele. Tempos depois, Handong divorciado, reatam a relação. E, quando Handong acerta para que o amante viaje para os Estados Unidos, realizar um sonho de estudar no país, Handong é preso com condenação capital por um episódio de corrupção envolvendo sua companhia. A alternativa é que se reúna um milhão de ienes, conseguido graças sobretudo ao esforço de Lan Yu. Após o período na prisão, Handong ter tido a certeza da necessidade de viver com Lan Yu. A morte desse em um acidente de trabalho, no entanto, interromperá a união.

Primoroso é o modo como o filme mimetiza uma fala de seu personagem-título, a respeito de seu novo namorado, de que deveriam falar sobre eles. É justamente o que filme faz. Focar na relação entre esses dois personagens. Quando se afasta disso, como é o caso do casamento de Handong, vai dos preparativos do casamento, para uma cena em que esse já se encontra divorciado, e novamente na casa de Lan Yu, momento em que esse justamente profere seu desejo de não falar sobre o novo namorado. Se não há sombra de cinismo ou julgamento moral na forma como descreve os dois personagens, tampouco há de sentimentalidade. Pode-se arguir, no máximo,  que o filme apresenta um amadurecimento emocional de Handong, ocorrido sobretudo após sua prisão.  E numa longa sequencia final, o filme temporariamente se transforma praticamente numa produção experimental, em que as cinzentas imagens de uma Pequim extremamente urbanizada (imagens que aparentemente se repetem, como em um efeito looping, que testemunha uma predisposição de se levar a vida no piloto automático, sob controle emocional e não mais) testemunham uma crueldade fria e metálica do mundo exterior, agora também interiorizada por um Handong em falta após ter vivido um verdadeiro amor. Embora mais jovem, Lan Yu parece mais emocionalmente amadurecido diante de suas escolhas e do amor que nutre pelo parceiro, enquanto Handong ainda tartamudeia entre o sexo descompromissado e até mesmo o casamento, para somente depois se render aos sentimentos, e ser traído pela própria vida, quando assim decide fazê-lo – prova que já havia esboçado quando entregara a possibilidade de Lan Yu estudar nos Estados Unidos. Kwan Creation’s Workshop/Yongning Creation Workshop. 86 minutos.

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